Os índices de criminalidade do ABC não apresentaram alta, nos últimos meses, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), porém, diariamente moradores do ABC ainda enfrentam medo e insegurança ao circularem pelas vias da região.
Na comparação com o mesmo período do ano passado, os homicídios tiveram queda de 63,6% no ABC e, os roubos, de 10,8%. Já os estupros caíram 28%. Só os furtos tiveram aumento de 8,2%. Ainda assim, não há sensação de segurança e os casos de violência continuam a assombrar a população do ABC.
Um deles ocorreu dentro do Shopping ABC, em Santo André, na segunda (14), por volta das 19h15. Um engenheiro de 60 anos e sua filha, de 24 anos, foram ao shopping para um jantar comemorativo do aniversário da jovem e dois bandidos armados que estavam a pé anunciaram o assalto e o sequestro dentro do estacionamento do shopping. Ambos ficaram quase duas horas em poder dos sequestradores e foram obrigados a fazerem transferências bancárias no valor total de R$ 82 mil.
As vítimas foram obrigadas a entrar de volta no carro. Um dos bandidos sentou-se no banco de trás com as vítimas e o outro assumiu o volante. Os bandidos encontram facilidade para saírem com o veículo, sem pagar tíquete, pois havia TAG de estacionamento. O que mais impressiona é que não havia nenhum funcionário ou segurança do Shopping ABC no momento do sequestro. Casos como esse mostram que os moradores da região não estão seguros nem nos shoppings centers da região.
Nem mesmo as igrejas estão a salvo em meio a bandidagem. A Paróquia Sagrado Coração de Jesus foi alvo de furto de cabos de fiação elétrica, na última semana, deixando os fiéis sem luz e sem poder utilizar os equipamentos de ar-condicionado adquiridos recentemente. O prejuízo foi avaliado em mais de R$ 70 mil.
Ainda que a segurança pública seja um dever do Governo do Estado, conforme estabelecido no artigo 144 da Constituição Federal, é um direito e responsabilidade de todos. Isso significa que o Estado, em suas diferentes esferas (federal, estadual e municipal), tem a obrigação de garantir a ordem pública, a proteção das pessoas e do patrimônio.
Os prefeitos da região têm reforçado as ações em prol da segurança, lançando operações que envolvem ações integradas entre as forças de segurança, como a Polícia Militar, Polícia Civil, Guarda Civil Municipal (GCM) e os Centros de Operações Integradas (COI). Também têm atuado em conjunto, por meio do Consórcio Intermunicipal do ABC. Recentemente, foi realizada a Operação Força Azul Marinho, iniciativa que integra as sete GCMs (Guardas Civis Municipais) do ABC, visando reforçar ações de segurança nas divisas de municípios. Ao todo, 200 agentes de segurança e mais de 50 viaturas participaram da ação.
Os municípios do ABC também aderiram ao programa de videomonitoramento “Smart Sampa” da cidade de São Paulo. O programa utiliza câmeras com tecnologia de reconhecimento facial e outras ferramentas para auxi-liar na segurança pública, como a localização de pessoas desaparecidas e a investigação de crimes. São Caetano será a primeira cidade do ABC a realizar a implantação, cujo anúncio de inauguração acontece, neste sábado (19).
Também têm aderido ao “Muralha Paulista”, programa de segurança pública do Governo do Estado, que conecta municípios em um sistema integrado de segurança pública, utilizando tecnologias avançadas para o combate à criminalidade. O programa conecta mais de 10 mil câmeras de monitoramento em todo o estado e permite o cruzamento de dados, reconhecimento facial e outras ferramentas para auxiliar as forças de segurança.
Iniciativas como essas têm se mostrado eficazes para evitar que a criminalidade aumente a nível estratosférico, porém, há a pergunta que não quer calar: quando todas essas iniciativas do poder público vão contribuir com a diminuição da sensação de insegurança na população?
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