Fabio Picarelli Opinião

Castelinho, a casa do engenheiro-chefe da São Paulo Railway na Vila

Uma das atrações mais visitadas em Paranapiacaba é o Museu Castelo, conhecido popularmente como Castelinho. A obra, inaugurada em 1897 pelos ingleses, possui 507 metros quadrados de área, com 33 janelas, seis lareiras, algumas paredes de alvenaria de tijolos maciços e piso de pinho-de-riga, uma madeira usada na Letônia. As telhas são fabricadas na cidade francesa de Marselha.
O casarão foi o lar do engenheiro-chefe nos tempos da construção da ferrovia Santos-Jundiaí. Foi instalado propositadamente num ponto elevado da Vila com o objetivo de supervisionar os funcionários da São Paulo Railway Company. Conta a história que da janela frontal e lateral da residência o chefão podia observar tudo o que acontecia com os funcionários da empresa durante 24 horas, mesmo nas horas de descanso. Verdade ou não, os moradores acreditam até hoje que a velha expressão “para inglês ver” tem conexão com o fato de que os operários simulavam estarem trabalhando para driblar a vigilância do engenheiro-chefe.
A edificação de estilo vitoriano de dois andares oferece uma vista panorâmica do pátio ferroviário, da antiga estação com o relógio e do atual centro comercial gastronômico e artístico. Também é possível observar os imóveis e toda estrutura protegida do verde da Mata Atlântica, das nascentes, da flora e da fauna. Quem olha lá do alto assemelha a paisagem a uma cidade-miniatura.
Um privilégio que se transformou iconicamente através dos tempos num museu popular, em que os visitantes possam conhecer a história e ter a sensação imponente dos antepassados.
Ao longo de mais de cem anos o edifício passou por duas grandes restaurações. A primeira em 2005 e a segunda em 2019. Sem alterar a arquitetura original, esta última revitalização recuperou a cozinha, o banheiro, a lavanderia, as janelas e foi instalada uma rampa de acesso para a varanda. Na parte externa, o antigo galpão é hoje uma cafeteria.
Já o interior do edifício revela um lar típico usado pela família do engenheiro-chefe, com cama, lareira, escrivaninha, peças e ferramentas da ferrovia.
No século XX o Castelinho foi sede também de seminário de padres e administração da extinta Rede Ferroviária Federal , que atuou no Brasil no período de 1957 a 2007.
Se o próprio casarão centenário é um ponto turístico, as lendas que rodeiam atraem aventureiros, produtores cinematográficos e admiradores do misticismo.
Uma das lendas remete a figura de Daniel Fox, o primeiro morador do casarão. Há quem acredite que até hoje o fantasma dele aparece saindo de um dos quadros. Outro que ronda pela região é o engenheiro Frederic Mens, que cede seu nome para uma das vias de acesso da Vila. Será verdade?
É do Museu Castelo que surge a lenda mais famosa: a estória do “Véu da Noiva”. Quem gosta de romantismo se sensibiliza com o amor do filho de um engenheiro inglês que se apaixonou pela filha de um operário. Sendo de classes sociais diferentes, a família do noivo não permitiu o casamento e o trancou no porão do castelo. A noiva deixou o altar desesperada e fugiu no primeiro trem. Na fuga, ela se jogou do precipício da Grota Funda, dando origem a densa neblina que encobre Paranapiacaba.
O Museu Castelo está localizado na rua Caminho do Mens, s/nº, na parte Baixa da Vila. Funciona aos sábados, domingos e feriados, das 10h às 15h30 ou mediante agendamento prévio com monitores.
Vale a pena conhecer. Esse equipamento não perde para nenhum outro do mesmo estilo no mundo. Compareçam!

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