AME Memórias de São Bernardo

O bonde dos Pujol: São Bernardo – Santo André

O bonde dos Pujol – final da década de 1920 (Acervo do Centro de Memória da Prefeitura de São Bernardo)

Para atrair o público para seu empreendimento, os irmãos Ernesto Pujol e Hippolyto Pujol, criaram , há cem anos, uma linha de bonde, o Tramway, entre São Bernardo e Santo André. A “Empreza Immobiliária de S.Bernardo“, pertencente aos dois irmãos, comprou as terras que denominaram Nova Petrópolis, hoje um bairro de São Bernardo. Pretendia trazer os interessados para a compra dos lotes com este meio de transporte.
Os bondes saíam da atual Praça Lauro Gomes, seguiam pela Rua Marechal Deodoro e percorriam a Av. Pereira Barreto em direção à estação de trem, em Santo André. Desta forma, ligavam sua linha de bondes à Estação de trem da São Paulo Railway. Com a compra dos lotes, os futuros moradores poderiam utilizar-se desse meio de transporte unificado e trabalhar em São Paulo. Na rua Marechal Deodoro, haviam duas estações: uma na Praça Lauro Gomes e outra em frente à Igreja Santa Filomena. Também um ramal da linha principal do bonde chegava até o bairro de Nova Petrópolis, através da Av. Imperador Pedro II e Al. Tereza Cristina. Os veículos não eram convencionais, eletrificados. Na realidade eram, em geral, uma adaptação de um Ford T, movido a gasolina para o transporte sobre trilhos. Circulavam também nesses trilhos, uns pequenos trens carregando madeira para as fábricas de móveis, cenas inimagináveis, hoje, na Rua Marechal Deodoro.
Embora houvesse um contrato com a The São Paulo Tramway Light & Power para a posterior circulação de um bonde eletrificado, este projeto nunca saiu do papel, pois um grande imprevisto veio atrapalhar os planos dos dois irmãos: a crise econômica de 1929. Esse meio de transporte, que levou dois anos para ser implantado e que foi inaugurado em 1926, durou pouco. Em 1931, a empresa imobiliária dos Pujol já estava em solvência, com muitas dívidas e bens penhorados.
Neste mesmo ano de 1931, a área do loteamento foi posta em leilão e comprada pela família Simonsen, que manteve a planta original do bairro Nova Petrópolis, mas dispensou os bondes. Quanto aos trilhos, há notícias que o governo da época mandou acobertá-los com terra; já outras anotações informam que os Pujol os retiraram do local. O que de fato sabemos é que há poucos registros fotográficos e escritos sobre este meio de transporte de breve duração em São Bernardo.

Elexina Medeiros D’Angelo – integrante da AME (Associação dos Amigos da Memória de São Bernardo).

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