A notícia do jornal tem o seguinte título: “Morrerá hoje,aos 104 anos, David Goodall, cientista inglês que vive na Austrália”. Sua morte ocorrerá na Suíça, sob orientação médica. Nesse suicídio assistido os médicos preparam a droga letal e o paciente a tomará (a rigor, já tomou, pois o fato se deu no dia 11 de maio, sexta –feira). Como este meu registro sai na edição de sábado desta Folha do ABC, em 12/05, se não tiver havido arrependimento, a morte já ocorreu.
Disse o suicida que lamentava ter chegado à idade de 104 anos, pois preferiria ter 20 ou 30 anos menos. Acrescentou que não estava feliz, só queria morrer e assim foi feito, e ainda agradeceu a ajuda dos médicos que tornaram possível o inusitado acontecimento.
Aqui no Brasil, a colaboração dos médicos para o suicida realizar seu intento seria considerado, no mínimo, crime de homicídio culposo. Mas, que culpa se poderia atribuir a eles, se estavam cumprindo o desejo do ancião já cansado de viver? É que, na Suíça há várias fundações, legalmente constituídas para dar assistência às pessoas que desejam colocar fim à sua vida. Uma delas, a Eternal Spirit, foi a encarregada de preparar “os papéis” para que o professor Goodall puzesse, deliberadamente, em prática o ato final. A entidade – diz a notícia – cuida de todo o procedimento, por questões fiscais e Tributárias. E, mais curioso ainda: o custo total dessa morte é em torno de 10 mil francos suíços, ou R$36 mil. Ou seja, é tudo legal e o infeliz paga para morrer.
Na Suíça há de fato singularidades como essa: o governo ainda cobra ao suicida a “taxa da morte”. No caso de David Goodall, ele teria declarado que preferiria em seu país, a Austrália, mas ali isso não é oficial.
Diz a nota de jornal que motivou este meu comentário: Perguntando se tinha alguma hesitação ou dúvida, o suicida respondeu. Nenhuma.