Descobri “Sapiens – Uma Breve História da Humanidade”, de Yuval Noah Harari, primeiro por referência e sugestão de um amigo, jornalista inglês, exatamente quando o livro estava sendo lançado em português, no começo de 2015. Comprei o livro imediatamente e o li quase compulsivamente. No impulso de recomendá-lo com entusiasmo a meus amigos sob o calor do entusiasmo, escrevi a primeira resenha. Foi, então, que parei um pouco para esfriar a emoção e reler o livro, como o fiz, lentamente, capítulo por capítulo, com maior reflexão, para fazer um julgamento mais frio.
Acabo de reler Sapiens. O livro é magnífico. Ele não se parece em nada com os livros tradicionais de história, acadêmicos ou não, porque combina a descrição da evolução da humanidade com uma análise multidisciplinar, biológica, antropológica, tecnológica, política e econômica.
Achei extraordinária a cronologia inicial nas páginas introdutórias do livro, que começa com o Big Bang, há 13,5 bilhões de anos e termina com o futuro, num período em que, supõe ou pergunta o autor, “o design inteligente se torna o princípio básico da vida?” Ou ainda: “O Homo sapiens é substituído por super-humanos?”
Sapiens está dividido em quatro partes:
• 1. A Revolução Cognitiva;
• 2. Revolução Agrícola;
• 3. Unificação da Humanidade;
• 4. Revolução Científica;
Nesse livro, revi a História da Humanidade desde a Idade da Pedra até os dias atuais, deste século 21. Das melhores críticas que li sobre Sapiens, quase todas ressaltam uma das características dominantes do livro: a tese de que o homem domina o mundo porque é o único animal capaz de cooperar de forma flexível da forma mais ampla possível.
Com isso, o Homo sapiens e tornou a única espécie capaz de acreditar em coisas que não existem na natureza e são produtos puramente de sua imaginação, tais como deuses, nações, dinheiro ou direitos humanos.
O livro levanta interpretações que nos impactam ou chocam, como a de que o dinheiro é um sistema de confiança mútua. Ou de que o capitalismo é uma religião e não apenas uma teoria econômica. Ou ainda a tese de que o império (ou imperialismo) tem sido o sistema político mais bem-sucedido (ou lucrativo) dos últimos dois milênios. E uma tese que me tocou: a humanidade tem imposto aos animais domésticos o tratamento mais cruel – talvez um de seus piores crimes na História. E discute uma tese fascinante: seremos felizes hoje?
Sei que apenas dois ou três por cento dos brasileiros medianamente escolarizados ainda têm o hábito de ler livros – tanto os livros impressos quanto os digitais. Mesmo assim, recomendo, entusiasticamente a leitura de Sapiens. Não percam a oportunidade de conhecer um dos maiores historiadores da atualidade.
Harari é professor Universidade Hebraica de Jerusalém. Doutor pela Universidade de Oxford, esse professor de apenas 40 anos, lançou recentemente outro livro que acabo de comprar: “Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã”, no qual nos alerta para os riscos da inteligência artificial, do Big Data e dos algoritmos que permitem complexas predições matemáticas.
Daqui a algum tempo volto para dar minha impressão pessoal sobre esse novo livro de Yuval Noah Harari, cujo conteúdo está muito mais próximo de meu trabalho profissional como jornalista que cobre o mundo digital e as novas tecnologias em geral.