Muitos estudos examinaram os riscos para a saúde associados às viagens espaciais: riscos elevados de câncer, radiação desagradável e perda de densidade óssea. Para piorar as coisas, viajar pelo espaço em gravidade zero por períodos prolongados pode prejudicar os cérebros dos astronautas: um novo estudo na revista JAMA Neurology descobriu que voos espaciais estavam associados a mudanças na matéria branca – tecidos nervosos da fibra do cérebro responsáveis pela aprendizagem e outros funções importantes.
Os pesquisadores analisaram exames de ressonância magnética de 15 astronautas que passaram até 200 dias na Estação Espacial Internacional, antes e depois das missões. Nós já sabíamos que, em gravidade zero, a água ao redor do cérebro se redistribui, fazendo com que o cérebro se movesse para cima dentro do crânio.
Mudanças na Matéria Branca
Mas com a nova pesquisa descobriu-se que esse fenômeno pode fazer com que a massa branca envelheça mais rapidamente. “As mudanças na substância branca foram de maior magnitude do que aquelas tipicamente vistas durante o mesmo período com envelhecimento saudável”, diz o artigo.
Ainda mais preocupante: o efeito torna-se mais intenso, quanto mais tempo você passa no espaço. “(As mudanças) foram maiores com durações de missões espaciais mais longas, e mudanças cerebrais maiores foram correlacionadas com maiores declínios de equilíbrio”, disse a co-autora e professora de fisiologia aplicada e cinesiologia da Universidade da Flórida, Rachel Seidler, em entrevista à revista Popular Science.
Conclusões
E quanto mais tempo o homem passa no espaço, mais pronunciados são os efeitos negativos da gravidade zero, segundo explicou Rachel Seidler, co-autora das pesquisas e professora de Fisiologia Aplicada da Universidade da Flórida, em entrevista à revista Popular Science. “As consequências dessas mudanças cerebrais são desconhecidas neste momento”, disse Seidler.
Mas nem tudo é ruim. O efeito foi significativamente reduzido em astronautas que já estiveram no espaço, sugerindo que o corpo pode se adaptar à microgravidade.
Ainda assim, é um problema sério o suficiente e deve garantir mais pesquisas. Afinal, o voo espacial consecutivo mais longo foi de apenas 342 dias – pouco menos de um ano. Isso significa que Seidler e sua equipe, ainda têm a maior parte do trabalho pela frente.
JAMA Neurology é uma revista médica peer-reviewed (cuidadosamente revisada) publicada pela American Medical Association (Associação Médica Americana, classificada como periódico de “neurologia clínica”.