Meus amigos… Quando vocês estiverem lendo está matéria, eu estarei em férias com meu neto Daniel. Como hoje, dia 30 de julho comemoramos a vida de minha mãe neste planeta, eu novamente envio para vocês uma de suas poesias.
É com grande alegria que eu conheci em um sarau em São Paulo a jornalista e ambientalista Rose Campos, que num sarau em Santo André, justamente neste dia 30, irá declamar essa poesia.
Sempre… Agradecida pelo carinho dos leitores, meus amigos invisíveis.
Um abraço, Didi
Bom dia, alegria!
Foi sem querer que eu disse estas palavras
Ao dia luminoso e ensolarado que surgia!
Um céu azul com nuvens caprichosas,
O riso das crianças;
O chilrear das aves,
As papoulas entreabertas,
Salpicadas de orvalho, (o seu banho de chuveiro…)
As abelhas irreverentes,
A sugar o néctar das rosas…
(elas não sabem que as rosas são rainhas…)
Borboletas aos pares, em seu doido bailado matutino,
E o som da “Pastoral”, vibrando pelo ar..
(Beethoven amava a natureza!)
Deslumbrada com tanta beleza e harmonia,
Pensei: – Oh DEUS! Que mundo esplendoroso
Tu nos destes! Como é bom viver!
E o dia foi passando…
E a miséria humana aparecendo…
Mulheres famintas mendigando,
Com pencas de filhos de olhos tristes e fundos…
Os velhos sem amparo e sem carinho,
Os homens sem emprego, maltrapilhos,
Pedindo o pão amargo das esmolas…
Pego um jornal… Crimes e roubos,
Os mais cruéis e desumanos;
Seqüestros, desastres e assaltos,
Guerra entre irmãos na Irlanda, Irmãos em Cristo
Guerra na Arábia e Israel… (Terra de Cristo!)
Guerras por toda à parte! Pela Democracia!
(O tal Governo do Povo, para o Povo, pelo Povo!…)
Tão deslumbrado pelo próprio Povo!
Poluição na terra, no ar, no mar…
O Homem destruindo a Natureza!
O Bicho-Homem devorando toda a fauna!
(Mas, “depois” os vermes o devoram…)
Queimando as florestas, puras, verdejantes,
E em seu lugar construindo monstros
De cimento armado, ou fábricas de chaminés
Vomitando gazes venenosos…
Horrorizada eu pergunto:
-Meu DEUS! Que mundo é este?
Teria sido aqui mesmo o paraíso?
A meia noite vou dormir,
E, sem querer murmuro:
– Boa noite, Tristeza…
Odette Tavares Bellinghausen (escrito em 1977).
Divanir Bellinghausen Coppini (Didi) é escritora e voluntária em São Bernardo – e-mail: dibelligh@yahoo.com.br