Sempre destaquei ao longo da minha trajetória política que governar é escolher prioridades. E essa decisão é indispensável para dar direção ao governo. A ambigüidade na política é a vestimenta predileta dos oportunistas e demagogos.
A questão em torno da prorrogação da DRU (Desvinculação das Receitas da União) reforça a face contraditória do governo, que visando obter o apoio do PSDB alega ser este o seu criador na gestão de FHC. E justificam a necessidade no presente diante da ameaça da crise internacional. Crítico ferrenho de ontem, o PT é hoje seu defensor mais audacioso.
A DRU é uma autorização do Congresso para o Governo gastar onde achar conveniente um percentual (20%) do orçamento que está vinculado a despesa específica, ou seja, com destino obrigatório. Esses recursos serão retirados das contribuições sociais, vinculadas a seguridade social. Neste ano mais uma contradição é colocada pela presidente da República, eu tem destacado que não há crise financeira e de confiança, e que o Brasil está preparado para resistir e superar a crise internacional, uma nova versão da “marolinha de Lula”; mas a aliados destaca que a crise será longa, e de forma pessimista e alarmante, enfatiza que poderá durar até oito anos. Com base neste argumento cobra prorrogação da DRU por quatro anos e não por dois como quer a oposição, tanto que ela rechaçou o acordo firmado na Câmara Federal entre os partidos, demonstrando desmedida preocupação com o desempenho de sua administração.
Dá forma como está colocada a DRU representa um duro golpe para as contas da Seguridade Social, em especial, da previdência de onde sairão anualmente cerca de R$ 60 bilhões, para custear a máquina pública, e que não terá retorno aos cofres. Essa situação vai se agravar uma vez que segundo as previsões mais otimistas de especialistas o rombo da previdência em 2011 ficará entre R$ 32 a R$ 39 bilhões.
Se o país está sólido e imune à crise internacional, como diz Dilma, não há necessidade de prorrogação da DRU por quatro anos.
Merece destaque que nessa nova DRU, o orçamento da educação não será atingido, o que é importante, uma vez que defendo como medida essencial o investimento na educação de qualidade, inclusive na qualificação profissional.
A reedição da DRU dá a certeza de que o PSDB se mostrou acertado na condução da política econômica, e os governos do PT embora ataquem o governo tucano se utilizam dos mecanismos criados para salvaguardar os cidadãos brasileiros.
William Dib é médico cardiologista, foi prefeito de São Bernardo (2003-2008) é deputado federal e coordenador regional do PSDB no ABC.