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Taxa de juros sobe para 13,25%, na primeira reunião comandada por Galípolo

Quarta elevação consecutiva aconteceu na primeira reunião comandada por Galípolo (Foto: Raphael Ribeiro/BC)

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) aumentou, mais uma vez, a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic. A alta, na quarta (29), foi mais uma vez de 1 ponto percentual, levando os juros para 13,25% ao ano. 

A quarta elevação consecutiva aconteceu na primeira reunião comandada por Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a presidência do BC. Ele substituiu Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que foi um dos principais alvos de críticas de Lula nos dois primeiros anos de governo. 

Na avaliação da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), há pelo menos três motivos. O primeiro diz respeito à conjuntura econômica: o desemprego segue baixíssimo (6,1% até novembro), aumentando tanto a renda média (R$ 3.285) quanto a massa salarial das famílias, o que favorece um cenário de inflação. O acumulado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 12 meses foi de 4,83%, segundo dados do IBGE — acima do teto da meta estipulada pelo Banco Central (Bacen).

 Essa inflação tende a ser afetada, ainda, pelo câmbio, que permanece próximo dos R$ 6, mesmo com todos os movimentos do Bacen no mercado, vendendo dólares por meio de leilões. Não é à toa que, de acordo com o boletim Focus, a expectativa seja a de que a inflação deste ano chegue a 5,5%.

Contudo, o principal motivo é, na leitura da Federação, a inércia do governo em encontrar uma solução para o problema fiscal. Para se ter uma ideia, a Instituição Fiscal Independente (IFI) calculou que, para estabilizar a dívida pública, seria necessário um superávit primário de 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB). A relação entre dívida e PIB que está na base da análise é de 77%. Enquanto não houver uma solução, a autoridade monetária não fará mais do que “enxugar gelo”, aumentando a taxa de juros reunião após reunião.

O problema dessa situação é que os custos são dissolvidos na sociedade. Os empresários pagam mais pelo crédito e encontram dificuldades em pedir novos empréstimos, enquanto a população convive com inflação elevada. Além disso, o arcabouço fiscal já perdeu credibilidade entre os agentes de mercado, pela falta de critérios rigorosos de subtração de algumas despesas e pela incapacidade de estabilizar essa relação entre dívida e PIB.

A FecomercioSP, seguindo a esteira de nomes fundamentais do debate econômico brasileiro, entende que o governo precisa fazer um corte de custos mais sólido, e não aumentar a arrecadação, para evitar que essa conjuntura se deteriore ainda mais. O contrário disso será a perda de todo o efeito da política monetária sobre a inflação.

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