Neste sábado (8) de março é celebrado o Dia Internacional das Mulheres. A data simboliza a luta histórica das mulheres para terem suas condições equiparadas às dos homens. Inicialmente, a reivindicação era pela igualdade salarial, mas, atualmente, também simboliza a luta contra o machismo e a violência.
O Dia Internacional das Mulheres foi oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975. O fato considerado um marco para o estabelecimento da data ocorreu no dia 25 de março de 1911, quando um incêndio aconteceu na fábrica da Triangle Shirtwaist Company, em Nova York (EUA) e vitimou 146 pessoas, 125 mulheres e 21 homens, sendo a maioria dos mortos judeus.
O Dia Internacional das Mulheres não é um mero dia voltado a homenagens, mas é um convite à reflexão referente a como a nossa sociedade as trata. Essa reflexão vale tanto para o campo do convívio afetivo, familiar e social quanto para as questões relacionadas ao mercado de trabalho.
Neste ano fazem 50 anos da oficialização da data pela ONU e o que ainda se vê na sociedade é desigualdades e discriminação de gênero em todo mundo e no Brasil, principalmente. Mulheres ainda ganham menos do que os homens. Em 2024, o 2º Relatório de Transparência Salarial apontou que as mulheres ganham 20,7% menos que os homens no Brasil, sendo que em São Paulo, as mulheres ganham 19,1% menos que os homens.
Estupros ainda batem recordes no Brasil. O país registrou ao menos 78.463 casos de estupro ao longo de 2024, o que resultou em 214 vítimas por dia. Uma média de nove ocorrências por hora, de acordo com os dados do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública do Ministério da Justiça e Segurança Pública (Sinesp).
Já em relação à questão da realização de afazeres domésticos, dados do IBGE, do ano de 2022, apontam que as mulheres dedicam, em média, 9,6 horas a mais do que os homens às tarefas domésticas. A situação piora para mulheres entre 40 e 60 anos, por exemplo, pois muitas têm que cuidar tanto de pais idosos quanto de filhos ainda dependentes.
Como se todas essas desigualdades não bastassem, as mulheres têm que enfrentar, talvez, o pior dos obstáculos, o etarismo. Mulheres, a partir de 40 anos, são consideradas velhas demais, seja para se vestirem de determinada maneira, namorar ou se casarem, eventualmente terem um filho, desfilarem em uma escola de samba ou irem a um show de rock. É comum o relato das que passam dos 40 anos afirmando se sentirem invisíveis como mulheres. Sempre haverá alguém para censurar a mulher ou constrangê-la por querer fazer algo que a maioria não faz, por medo ou receio de represálias e julgamentos machistas.
Exemplos não faltam e o mais recente deles, foi visto na cerimônia do Oscar. Mikey Madison, com 25 anos, ao vencer a estatueta de melhor atriz por seu trabalho em “Anora”, desbancando duas atrizes consagradas, experientes e com interpretações contundentes, Demi Moore e Fernanda Torres. Venceu a “novinha”, venceu a idealização da prostituta sobre o olhar masculino de um filme apenas razoável. A mensagem de Hollywood foi clara, certeira, e só confirma o que já se sabe, a preferência por mulheres jovens, não só pela indústria cinematográfica, mas por toda a sociedade.
Porém, não se pode acreditar que o movimento de “empoderamento” da mulher traga benefícios reais. O que está por trás disso é faça mais, se ocupe mais, tenha cada vez mais funções, assuma cada vez mais responsabilidades e, consequentemente, faça com que os homens fiquem menos atarefados, com menos responsabilidades e com muito mais tempo disponível para o que bem quiserem fazer.
Portanto, ainda que haja poucos avanços conquistados pelas mulheres, há muito a ser modificado, ainda. Então, que as mulheres possam viver, conquistar seus objetivos, e que sejam fortes para superar os verdadeiros obstáculos, ou seja, da desigualdade, dos limites impostos pela sociedade patriarcal e das barreiras do machismo. Feliz Dia Internacional das Mulheres!
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