Saúde

Ambulatório de Cardiologia da Mulher da FMABC oferece atendimento individualizado

Doenças cardiovasculares matam cerca de 170 mil mulheres por ano no Brasil (Foto: Divulgação/ FMABC)

O mês de março costuma ser repleto de homenagens e comemorações às mulheres, mas também é um período de conscientização e valorização da saúde delas. Uma das maiores preocupações nesse sentido são as doenças cardiovasculares, que matam cerca de 170 mil mulheres por ano no Brasil. Pensando nesse público, o Centro Universitário FMABC, em Santo André, criou o Ambulatório de Cardiologia da Mulher.

 Iniciado em novembro de 2024, o serviço tem como meta principal contribuir para uma mudança no panorama de alta mortalidade feminina em decorrência dos problemas cardíacos. O ambulatório oferece atendimento individualizado e contínuo, abordando, de forma interprofissional, todos os fatores de risco para as doenças cardiovasculares nas mulheres.

 O ambulatório recebe pacientes encaminhadas por outros serviços do Centro Universitário e por outras especialidades, com foco naquelas que apresentam fatores de risco específicos ou tradicionais. Também são atendidas pacientes com condições mais comuns entre o sexo feminino, como aquelas que sofrem infartos sem obstrução das artérias ou com doenças microvasculares cardíacas.

 Complicações como hipertensão durante a gestação, pré-eclâmpsia e diabetes gestacional também aumentam o risco de AVC e infarto ao longo da vida. Além disso, as mulheres apresentam maior incidência de doenças autoimunes, como lúpus e artrite reumatoide, e tratamentos como quimioterapia e radioterapia para câncer de mama também elevam o risco cardiovascular.

 A criação do serviço foi motivada pela necessidade de um atendimento exclusivo para as mulheres, devido às características fisiológicas diferentes das dos homens. Além dos fatores de risco comuns a ambos os gêneros, as mulheres também devem ficar atentas à menopausa precoce, por exemplo. Além disso, sinais como o tabagismo e a diabetes têm um impacto ainda mais negativo nas mulheres. Segundo especialistas, as mulheres que fumam apresentam um risco maior do que os homens que fumam.

 Segundo a médica assistente do Ambulatório de Cardiologia da Mulher, Larissa de Almeida Dourado, esse é um campo em constante expansão e aprofundamento. “Temos o apoio do Departamento de Cardiologia da Mulher da Sociedade Brasileira de Cardiologia, além de diretrizes específicas sobre o cuidado cardiovascular da mulher, especialmente após a menopausa”, explica Larissa.

 Ela explica ainda que a criação do Ambulatório na FMABC é o resultado de uma luta de muitos anos. “De forma pioneira, o nosso professor titular da disciplina de Cardiologia, Antônio Carlos Chagas, identificou a necessidade desse serviço e de um grupo de estudos dedicados ao tema. Ele e a doutora Carla Lantieri, médica assistente da disciplina, me convidaram para fazer parte da criação desse ambulatório especializado”, conta a cardiologista.

 Outra prioridade do serviço é alertar e desmistificar alguns tópicos sobre os problemas cardíacos. “Existe uma crença de que as mulheres têm menos risco de infarto e que morrem mais de câncer de mama, o que não é verdade. O ponto é que as mulheres procuram menos o cardiologista. Investir em prevenção e promoção de saúde constante são ações cruciais para mudar esse quadro”, analisa.

“É essencial dormir bem, consumir alimentos frescos e, preferencialmente, evitar os processados, além de praticar pelo menos 150 minutos de atividade física por semana. Também é importante cultivar o bem-estar emocional e a conexão com a espiritualidade. A conscientização sobre os fatores de risco, por meio de consultas regulares ao médico e um bom aconselhamento antes da gestação, são estratégias fundamentais para reduzir o risco de doenças cardiovasculares nas mulheres”, conclui a médica.