José Renato Nalini Opinião

Recuo infeliz

Trazer de volta os canudos plásticos nos Estados Unidos é algo evidenciador do retrocesso no combate ao aquecimento global. Parece pouco, permitir que os canudinhos – que são usados apenas uma vez e depois lançados fora –continuem a ser fabricados. Ocorre que uma população de trezentos e quarenta e quatro milhões de pessoas, produz massa incrível de dejetos de plástico.

O mundo está ficando envenenado com a crescente produção de resíduos sólidos, que contaminam a atmosfera, o solo e as águas. Brincar com esse gesto desastrado é sinal sintomático de algo mais sério do que o ceticismo em relação ao aquecimento global. Pois foi o que se disse no momento da assinatura do nefasto decreto: “Não acho que o plástico vá afetar muito um tubarão, já que ele está mastigando tudo pelo oceano”. O mar que já perdeu boa parte de sua fauna, possui – por enquanto – pequenos peixes e tartarugas que já morreram sufocadas por canudos plásticos.

O mundo andava numa boa direção, embora os resultados obtidos não tenham sido os esperados, quando se preocupou com o excesso de plástico lançado à natureza. Calcula-se que mais de cento e vinte milhões de toneladas métricas de resíduos plásticos sejam lançados ao mar, se esse uso excessivo de uma substância que não se decompõe continuar a ser praticado.

Enfraquece-se a racionalidade, vence a insensatez. Esperar que os indivíduos reajam e não adiram, imediatamente, ao gesto insano, seria de um otimismo ingênuo, incompatível com a brutalidade com que se agridem os defensores da natureza e se desrespeitam acordos firmados solenemente, como o de Paris.

Pagarão todos, inocentes e culpados. Comprometer-se-á o futuro das novas gerações. O que está em risco não é a sobrevivência do planeta, este pequeno astro esférico, a se movimentar num sistema solar que não é dos maiores no Cosmos. Ele continuará a existir. Mas prescindirá da espécie humana, que se porta de maneira tal, que se chega a acreditar que o projeto humano é um verdadeiro fracasso.

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