Evento de comemoração abordou desafios da indústria petroquímica e a importância do Polo Petroquímico do ABC

O COFIP ABC – Comitê de Fomento Industrial do Polo do Grande ABC celebrou 10 anos. A entidade nasceu em 2015, para atuar como articuladora de ações compartilhadas entre as empresas e ser a interlocutora do setor industrial com seus principais públicos de interesse.
Na quinta (05), houve evento em celebração aos 10 anos. Estiveram presentes o presidente do COFIP ABC, Luís Antônio Pazin, o gerente Executivo no COFIP ABC, Francisco Ruiz, diretores do COFIP ABC, o presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (ABIQUIM), André Passos, o presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, secretário executivo do Consórcio Intermunicipal do ABC e presidente do Comitê Gestor do Polo Petroquímico, Aroaldo Silva, o prefeito de Mauá, Marcelo Oliveira, o Secretário de Desenvolvimento e Geração de Emprego de Santo André, Evandro Banzato, o subprefeito de São Mateus, Ozziel Souza, o deputado estadual Rômulo Fernandes e diretores e colaboradores das empresas associadas ao Comitê.
“Este é um marco importante não apenas para o Comitê, mas para toda a história da indústria petroquímica brasileira. Por que foi aqui, entre Mauá e Santo André, que começou a ser desenhada a potência química que o Brasil viria a se tornar nas décadas seguintes. Após Cubatão, o ABC se firmou como berço da indústria petroquímica nacional com a instalação do primeiro Polo Petroquímico no País”, disse Pazin.
Pazin relembrou o desafio do Polo Petroquímico do Grande ABC, inserido em plena área urbana, dentro de três cidades. “Sempre foi um desafio, tanto para os moradores do entorno, como para as indústrias instaladas, do ponto de vista de logística, escoamento de produtos e gestão de eventuais intercorrências operacionais. Ainda assim, fomos avançando. Em 2015, nasceu o COFIP ABC, com nove empresas fundadoras e criamos, juntos, uma trajetória sólida e comprometida com o desenvolvimento responsável, o diálogo transparente e a segurança das comunidades”, afirmou.
O presidente – executivo da ABIQUIM, André Passos, ressaltou a importância do COFIP ABC para a indústria química. “O COFIP ABC faz uma importante conexão entre as prefeituras locais e a agenda nacional. Isso é fundamental, também para resolver os gargalos locais como o estabelecimento de uma zona territorial protegida para o desenvolvimento do Polo. O COFIP, ao longo desses dez anos, foi fundamental para fazer o relacionamento com as comunidades locais e as necessidades regionais e nacionais da indústria química”, disse.
Aroaldo Silva, presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC, destacou a importância do COFIP ABC na articulação das empresas do Polo com a sociedade. “A indústria química é a que tem maior poder de transbordamento para os outros setores da economia. O COFIP ABC tem papel fundamental e central no debate do futuro do Polo, da indústria química e das demais indústrias da região”, disse.
Durante o evento, André Passos e Aroaldo Silva proferiram palestras. O presidente da ABIQUIM abordou o atual cenário da indústria química, os grandes desafios enfrentados atualmente pelo setor e as perspectivas para o futuro. Hoje, o Brasil é a 6ª maior indústria química do mundo, com receita líquida em 2024 de US$ 159 bilhões, representando 11% do PIB Industrial, o terceiro maior setor do Brasil. A indústria química brasileira é também a primeira em arrecadação de impostos federais.
“Um país desenvolvido é aquele que tem uma indústria química forte. Todos os grandes países desenvolvidos têm dentro do seu território nacional uma indústria química pujante. Isso é uma correlação direta”, disse.
Passos afirmou que a indústria química nacional está sendo substituída pela importação de produtos e a produção de químicos tem se deslocado inteiramente para a Ásia: Índia, Rússia e China. “Em 2010, as importações sobre a demanda nacional de químicos representavam 31%, hoje representam 49%. Quase metade da nossa demanda é atendida por produtos importados. Há 30 anos atrás, era 7%. Nossa indústria está sendo substituída por produção de fora do Brasil”.
O executivo ressaltou que este cenário traz consequências. “O que vemos é uma queima de artigos no nosso país. Em 2010, a operação média das nossas plantas era próxima de 83%. Hoje, chega a 65% em média. Isso é subutilizar o dinheiro aplicado para levantar estas plantas. Estamos torrando recursos de uma poupança que foi utilizada para construir plantas, operações e produção” disse.
Outra consequência é o abalo na balança comercial brasileira. “Hoje a balança de químicos é negativa no Brasil. US$ 33 milhões é o que recuamos na balança comercial. Antes era 30% deficitária, hoje é 63% deficitária. Estamos perdendo investimentos”.
A indústria química brasileira ainda enfrenta a baixa competitividade. “Temos um problema de fornecimento de matéria prima. A oferta de gás natural no Brasil não é suficiente para atender as necessidades da indústria e o preço também é elevado. Tivemos oito plantas fechadas entre 2011 e 2024”, afirmou o presidente.
Passos defende a implantação de programas de incentivo para fortalecimento da indústria química brasileira e resolver o problema do suprimento de matéria prima. “Qualquer outra ação deve estar articulada com essa ação ou vai ser enxugar gelo”, analisou o presidente.
Em sua apresentação, Aroaldo Silva ressaltou a importância do Polo Petroquímico do Grande ABC, com destaque para a geração de empregos e receita para os municípios. Em 2020, o faturamento foi de R$ 10 bilhões e Polo do Grande ABC é responsável por gerar mais de 10 mil empregos diretos e indiretos. No faturamento nacional, das tintas, vernizes e esmaltes fabricados no país, 56% são feitos no Polo do Petroquímico do Grande ABC. Dos produtos de limpeza e afins, 49%, transformação da borracha, 34%, e fibras sintéticas e artificiais, 32%. “São números relevantes. Isso revela a pujança da região, graças ao Polo Petroquímico. A indústria química representa quase 38 mil empregos na nossa região, com média salarial muito maior que os outros setores econômicos”, disse.
Aroaldo também destacou a representatividade da indústria química nacional. “Para cada R$ 1 investido no comércio e serviços, R$ 1,60 são gerados em outras cadeias produtivas. Para cada R$ 1 no Agronegócio, são gerados R$ 1,80. Em média, na indústria no Brasil, quando se investe R$ 1, são gerados R$ 2,70. Na indústria química, são gerados R$ 3,80 na economia”, afirmou.
Institucionalização do Polo – O presidente da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC também enfatizou a importância de debates e grupos de trabalho articulados com as prefeituras locais, o COFIP ABC e o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC para aumentar a competitividade das empresas do Polo Petroquímico. Aroaldo defende a institucionalização do Polo. “É o primeiro do país. Mas, não há nenhuma lei ou decreto que reconheça isso. Temos discutido o assunto com as prefeituras, governo estadual e governo federal. Conseguimos os decretos de Mauá e Santo André. Estamos dialogando com a prefeitura de São Paulo para fazer o mesmo decreto e avançarmos com o governo do estado e o governo federal. O decreto da institucionalização é a garantia jurídica das empresas que estão dentro do Polo Petroquímico”, afirmou.
Pré-COP – Aroaldo revelou que está sendo discutida a organização de uma pré-COP na região do ABC. “Consórcio, prefeitos, Agência de Desenvolvimento Econômico e estamos chamando as universidades e a iniciativa privada para organizar. Estamos dialogando com o Ministério do Meio Ambiente e outros ministérios para sair uma carta pactuando diversas ações da região para a COP, que vai acontecer no final do ano”, concluiu.

(Foto: Rogério Lorenzoni)
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