
De acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a Região Metropolitana de São Paulo, que inclui o ABC, registrou este ano o segundo inverno mais quente desde 1961, quando começou a catalogar as medições da temperatura. A média da temperatura durante a estação foi de 19,6°C, no ano passado a marca foi de 19,7°C. A máxima teve média de 26,3°C, e a mínima ficou em 14,7°C. Durante a estação, a capital paulista também registrou máximas incomuns para o período, como no dia 8 de setembro em que os termômetros bateram o 34,5°C, sendo a temperatura mais alta registrada no período. O tempo quente e seco trouxe outro agravante, o efeito estufa, fator que eleva os índices de poluição ambiental.
Para o professor João Carlos Mucciacito, mestre em Tecnologias Ambientais na Fundação Santo André (FSA), o calor extremo fora de época será cada vez mais frequente e terá consequências graves como a mortalidade associada a amplitude térmica do clima. “Este fenômeno agregado à poluição do ar traz consequências sérias para a saúde. Em países desenvolvidos e em desenvolvimento, crianças, adultos e idosos, previamente doentes ou não, sofreram e ainda sofrem com as temperaturas extremas. As principais fontes poluidoras, que são os veículos automotivos e as indústrias, estão presentes em todos os grandes centros urbanos, tornando-se verdadeiros inimigos da saúde pública”, diz.
De acordo com Mucciacito, o clima seco potencializa o efeito estufa e a poluição ambiental no ABC, onde existem muitas fábricas. Historicamente, sempre foi um dos principais problemas de saúde pública na região. Tal fato remonta aos primeiros anos do século XX, momento no qual teve início um processo acelerado de industrialização. O efeito colateral foi a poluição ambiental.
Além de lecionar na FSA, Mucciacito trabalha na Diretoria de Controle e Licenciamento Ambiental da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB, onde realiza fiscalizações das fontes de emissão de poluentes, aplicando e exigindo o cumprimento da legislação ambiental. Ele participou do famoso caso do Polo Petroquímico de Capuava. “Não existe fórmula mágica. A legislação deve ser cumprida à risca e o poder público e a indústria deveriam priorizar o tema. É um problema de saúde pública que causará muitas mortes”, revela o professor.
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