A 100 dias da abertura dos Jogos Paralímpicos de Paris, o Brasil teve mais uma jornada dourada no Mundial de atletismo em Kobe, no Japão. O mineiro Claudiney Batista mantém uma hegemonia que completou cinco anos, desde Dubai 2019, no lançamento de disco pela classe F56 (que competem sentados) e conquistou o tricampeonato da prova na noite deste domingo (no Brasil), 19, terceiro dia da competição. Os paulistas Júlio Agripino, ouro nos 1.500m T11 (deficiência visual), e Beth Gomes, prata no arremesso de peso F54, garantiram os outros pódios do país no período.
Com isso, os brasileiros continuam na cola dos chineses no quadro geral de medalhas, com 10 ouros, cinco pratas e dois bronzes, na segunda colocação. Os asiáticos somam um ouro a mais, além nove pratas e 10 bronzes.
O primeiro pódio dourado do dia no Japão foi de Júlio Agripino nos 1.500m T11. O fundista fez uma prova consistente, ficando a maior parte da disputa na primeira colocação. Na reta final, conseguiu manter o sprint e venceu com 4min02s23. Esse foi seu segundo ouro na prova em Mundiais – a primeira foi em Dubai 2019. No Mundial do ano passado, o atleta havia conquistado a prata na mesma prova. Foi também a segunda medalha dele em Kobe após a prata nos 5.000m T11.
Outro brasileiro envolvido na disputa, o sul-mato-grossense Yetsin Jacques, ouro nos 5.000m, acabou sofrendo uma queda a 250 metros da linha de chegada quando ocupava a penúltima colocação. Foi desclassificado mesmo chegando na última posição porque o atleta e o atleta-guia soltaram a guia (corda) no momento do acidente.
“Foi uma prova emocionante. Também quase caí na pista durante a disputa, com muito atleta próximo um do outro, o que mostrou que o nível está muito alto [neste Mundial]. Mas conseguimos mais esse pódio para o Brasil”, afirmou Júlio, que foi diagnosticado ainda na infância com ceratocone, doença degenerativa na córnea.
Já Claudiney Batista confirmou o favoritismo no lançamento de disco F56 e venceu ao atingir a distância de 45,14m, sua melhor marca na temporada e também o recorde da competição. Foi também a sétima medalha do lançador mineiro em Mundiais de atletismo, sendo três ouros, duas pratas e dois bronzes.
O indiano Yogesh Kathunyia ficou com a prata, com 41,80, e o eslovaco Dusan Laczko levou o bronze, com 39,82m. O pódio foi idêntico ao Mundial de Paris 2023.
“Cheguei muito bem aqui em Kobe. Treinei bastante para este momento. Fiz uma marca que pude superar o indiano, que era o principal concorrente na prova. Tive alguns lançamentos que foram invalidados pela arbitragem, o que me deixou um pouco tenso. Mas deu tudo certo, estou muito feliz por esse tricampeonato”, comemorou Claudiney.
O terceiro pódio brasileiro foi de Beth Gomes no arremesso de peso na prova agrupada das classes F53/F54. A atleta de Santos, que é da classe F53, fez 7,53m e terminou na segunda posição. Ela tem como sua prova principal o lançamento de disco, no qual é a atual recordista mundial (17,80m) e competirá logo na manhã desta segunda-feira, 20, às 5h15 (de Brasília).
Beth só foi superada pela mexicana Gloria Guadarrama, da F54, com 8,04m. A uzbeque Nurkhon Kurbanova (F54) terminou na terceira colocação, com 7,48m
“Foi uma prova muito acirrada, competindo com atletas de uma classe maior do que a minha, com adversárias muito boas também. Mas queria uma medalha e consegui. Vamos buscar ainda mais no arremesso de peso e nas demais provas em Paris”, disse Beth, que competirá a prova do lançamento de disco
Outra atleta do Brasil envolvida em finais nesta manhã do Japão foi a piauiense Antônia Keyla, que finalizou os 400m T20 (deficiência intelectual) no quinto lugar, com 57s78. A vencedora da disputa foi a indiana Deepthi Jeevanji, com 55s07, estabelecendo o novo recorde mundial da prova.
Ainda na manhã do Japão (noite no Brasil, o fluminense Ricardo Mendonça e o acreano Edson Cavalcante avançaram à final dos 200m T37 (paralisados cerebrais). O primeiro, que levou o ouro nos 100m, conseguiu o melhor tempo das classificatórias, com 23s22, a sua marca mais rápida da temporada. Já o segundo teve o sétimo índice geral, com 24s29. A disputa de medalha acontece às 6h29 (de Brasília) desta segunda-feira, 20.
Atual campeã mundial nos 100m T11 (deficiência visual), a acreana Jerusa Geber se classificou para a final da prova com o terceiro melhor tempo das classificatórias. Correu em 12s22, dois centésimos a mais do que a outra brasileira envolvida na disputa: a paranaense Lorena Spoladore, que foi a segunda melhor classificada. A final será às 6h49 (de Brasilía) da terça-feira, 21.
O Mundial no Japão acontece no mesmo ano dos Jogos Paralímpicos de Paris 2024 após o Comitê Organizador Local (LOC, na sigla em inglês) solicitar ao Comitê Paralímpico Internacional (IPC, em inglês) o adiamento do Mundial, que seria em 2021, devido à pandemia de coronavírus. Com isso, a cidade japonesa sediará o evento de atletismo no ano posterior ao Mundial de Paris 2023, quando o Brasil teve seu melhor desempenho na história em Mundiais. Foram 47 medalhas no total, sendo 14 ouros, 13 pratas e 20 bronzes.