Maio chegou. E com boas novidades. Uma delas é o Fórum Internacional do Patrimônio Cultural Brasil-Portugal, que será realizado entre os dias 22 a 24 na Universidade de Aveiro, em Portugal.
Com muita honra recebi este convite da coordenadora geral, professora e arquiteta PhD Maria Rita Amoroso. Estarei lá representando Santo André do prefeito Gilvan Junior ao lado do parceiro, historiador, antropólogo e superintendente do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) de São Paulo, Danilo Nunes. Além dele, representantes das Prefeituras de Santos e Campinas também viajarão conosco.
A comitiva paulista vai apresentar a tese intitulada “A rota do Café no Estado de São Paulo: Paisagem Cultural e Patrimônio Histórico”, com o objetivo de consolidar o reconhecimento internacional do produto no desenvolvimento econômico.
Escolhemos a cultura cafeeira como tema pela relevância no Estado de São Paulo e, por extensão, no contexto socioeconômico do Brasil. O foco tem três pontos estratégicos: as fazendas históricas de Campinas, a Vila de Paranapiacaba e a Estação de Valongo de Santos. Isso explica o interesse de participação dos três municípios no Fórum de Portugal, que reforça a caminhada em busca de reconhecimento mundial dos nossos patrimônios pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura).
O cultivo do café teve início em 1727, quando o militar luso-brasileiro Francisco de Melo Palheta trouxe sementes de café para plantar em terras brasileiras. Na ocasião, o sargento-mor estava em uma expedição na Guiana Francesa com a missão de restabelecer a ordem na fronteira pelo Tratado de Utrech de 1713 que estaria sendo violada pelos franceses.
O café era um produto muito valorizado no mercado internacional, especialmente na Europa. O ciclo no Brasil demorou a acontecer de fato. Somente no século XIX a Província de Rio de Janeiro cresceu, tornando-se a principal produtora no mundo. Tanto que sozinha era responsável por cerca de 80% da produção nacional e 40% da produção mundial. A primeira região de São Paulo a entrar na rota foi o Vale do Paraíba. Mas havia um sério empecilho: o transporte do café.
A construção da primeira ferrovia em Paranapiacaba a partir de 1860 pela companhia inglesa São Paulo Railway passou a ser a solução para o escoamento do produto. Até 1930 o café era a principal atividade do país através do Porto de Santos, impulsionando a industrialização e a urbanização de São Paulo.
A crise econômica de 1929 causou profundo impacto negativo na produção cafeeira do Brasil, então o principal produto de exportação do país. Os preços despencaram vertiginosamente, levando vários barões do café à falência.
Nos dias atuais o café é ainda relevante fonte de receita para a agropecuária nacional. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a projeção da safra de café para 2025 é de 53,8 milhões de sacas de 60 quilos, apesar do declínio de 5,8% na comparação com 2024.
Há algumas semanas o governador Tarcísio de Freitas lançou uma ação de incentivo ao desenvolvimento regional e turismo gastronômico: A Rota do Café de São Paulo. A iniciativa reúne 57 atrativos turísticos de 25 municípios paulistas com cinco rotas iné-ditas e destinos independentes. Entre as atrações estão as fazendas de antigos barões de café, museus, cafés premiados e centros de pesquisas. São Paulo é o terceiro maior produtor de café arábico do país e o oitavo do mundo, com 307,2 mil toneladas produzidas em 2023, segundo o IBGE. A produção gerou R$ 7,2 bilhões.
Diante de toda essa narrativa, conclui-se a grandiosidade do patrimônio com conexão direta pelo mundo. Paranapiacaba, a vila inglesa, mantém-se inalterada há mais de dois séculos e meio e foi um dos principais elos na exportação do café.
Estamos de malas prontas rumo a mais uma conquista!
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