Recente polêmica evidenciou a polarização que impede análise ponderada de um assunto que interessa a todos. A proposta de um dia sem consumir carne é antiga. Parte daqueles preocupados com a origem dessa proteína que, no Brasil, tem uma vinculação inequívoca: a origem da pecuária seria o desmatamento.
É óbvio que há criadores que procuram tecnologias verdes, se é que elas existem. A redução do metano é preocupação planetária, pois em grande parte esse gás venenoso, causador do efeito-estufa, provém da ruminação e da flatulência do gado bovino.
O que o Brasil precisa é de transparência e rastreamento, para que se possa identificar a carne provinda de boas práticas e aquela proveniente de desmatamento e grilagem.
As novas gerações têm noção de que o mundo corre perigo e o aquecimento global está causando catástrofes rotineiras em inúmeras partes do globo, inclusive no Brasil. Ou vai se culpar São Pedro pelas chuvas na Bahia, em Minas e Goiás e pela seca no Rio Grande do Sul?
O consumo de carne tem seus mitos, superstições, mas também está provado que seu excesso é prejudicial, aliás como todo exagero. Um dia sem carne é uma contribuição para a reflexão, para mostrar à cadeia produtiva a seriedade da preocupação com a capacidade de inovação do agronegócio, até para garantir que os mercados internacionais continuem a consumir carne brasileira. No momento em que o mundo se recusar a adquirir carne diante de dúvidas quanto à sua proveniência, isso será nefasto para a economia tupiniquim e para milhares de pessoas que atuam nessa atividade.
O que não pode existir é mais uma lamentável ocorrência provinda do discurso do ódio. Agredir, injuriar, xingar, ofender, é próprio da barbárie. Ouvir, argumentar, debater, obter consensos, isso é o que faz uma sociedade civilizada. O que todos têm de assimilar é que a preocupação ecológica vai pautar a economia universal e quem não se ajustar aos parâmetros postos pela ciência vai se dar mal. Não é o que se quer para este Brasil tão necessitado de equilibrar sua balança comercial.