Fabio Picarelli Opinião

A Casa do ABC: um novo tempo!

Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado a nove anos e seis meses de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A sentença do juiz Sergio Moro dada na quarta-feira (12) não é surpreendente, mas mexe não apenas com a situação jurídica do ex-presidente como também com seus planos políticos, além de reverberar no cenário nacional como um todo.
O petista, que comandou o país de 2003 a 2010, declarou que é postulante a candidato a presidente de novo em 2018. A condenação de Moro não barra uma eventual candidatura, mas se a decisão for confirmada em segunda instância, pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (Porto Alegre), ele pode ser enquadrado na Lei de Ficha Limpa, além de estar sujeito à prisão.
Mas afinal o que muda na política brasileira com a condenação de Lula por corrupção?   Em termos imediatos, muda no sentido de que é uma sinalização para a opinião pública e para a sociedade em geral que alguém importante que teve e ainda tem poder e carisma pode ser acusado, investigado e processado. Portanto, pode ser verificada a sua responsabilidade. O fato de o PT e de Lula terem se envolvido em escândalos de corrupção é um estigma muito forte para a esquerda que pregava transformação social. Outra questão é que vão depender agora da existência de provas concretas, materiais, contra o ex-presidente para que se confirme sua condenação.
Os advogados vão recorrer e isso significa que o tribunal de segunda instância, em Porto Alegre, que é colegiado, vai confirmar ou rever a sentença de Moro. Se for confirmada, Lula se transforma em ficha-suja e fica inelegível, de acordo com a lei. E ele também pode recorrer depois dessa sentença de segunda instância. O PT pode tornar Lula candidato, o que criará uma situação política ainda mais tensa e difícil. Vamos imaginar no processo do ex-presidente Lula. Já temos um caso concreto. Ele vai recorrer para a corte, já anunciou. Aqui duas opções poderão acontecer: ou o tribunal confirma essa decisão condenatória, e aí ele está inelegível para concorrer às eleições, ou reforma a decisão e o absolve, e aí ele está liberado para concorrer às eleições. Com isso, vai ter dois lados: Lula vai ser vidraça permanente, terá que fazer campanha tendo que se explicar o tempo todo como se envolveu em corrupção.
Ainda não temos muita clareza do efeito eleitoral que essa condenação pode trazer. Vai depender muito de como cada postulante ao cargo, Marina Silva, Bolsonaro, Geraldo Alckmin, Ciro Gomes, só pra citar alguns, consigam mostrar um perfil que sugira aos eleitores, que estão consternados, algo novo, diferente. Ou os eleitores vão optar por um nome completamente novo ou vão pender em não querer votar por falta de identificação com os candidatos citados. Vivemos um momento de ausência de lideranças, falta alternativa capaz de alguma maneira de representar uma coisa nova. Isso é muito grave nesse momento.
Qualquer país é passível de ter crise, mas ter uma crise dessa profundidade e não ter ninguém que sinalize possibilidade de saída é uma coisa muito grave para o Brasil e para sociedade.