Editorial

A confiança no jornalismo profissional

As redes sociais, cada vez mais, se tornam presentes no dia a dia das pessoas. Seja para se distrair ou assistir conteúdos de influenciadores, elas atuam como protagonistas na construção de marcas e na disseminação de tendências.
No universo online não há limites. Todos, com um celular nas mãos, podem virar influenciadores, até mesmo os próprios políticos. Quem já acessou o perfil de algum deles sabe. Prefeitos, deputados, vereadores atuam como se estivessem em reality shows. Com filmagens em 360°, são vistos andando, entrando e saindo de carros oficiais, cumprimentando pessoas, se alimentando, fazendo piada, cozinhando, brincando com cachorro, enfim, não faltam sorrisos nem takes para entreter os espectadores, ou melhor, eleitores. Tudo, sempre, acompanhado da famosa frase: “Pessoal, estamos aqui, hoje…”.
O grande problema é que muitas pessoas têm consumido somente essas fontes para, inclusive se informar, o que está absolutamente errado. Conteúdos em perfis políticos não são informativos, são peças de marketing com todos os recursos tecnológicos possíveis, pautado em narrativas persuasivas. Não mostram, nem de perto a realidade dos municípios, evidenciam, apenas, fragmentos perfeitos, onde tudo está bom, tudo está sendo resolvido e a cidade praticamente não tem nenhum problema, porque tudo é bonito, todos estão felizes, com sorrisos nos lábios.
O mesmo acontece com os influenciadores. Quem garante a qualidade do que é oferecido? Como são estabelecidas as fronteiras entre aquilo que parece espontâneo e o que é espaço comprado? No mundo da publicidade tradicional há normas estabelecidas e agências de controle, como o brasileiro Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar), no universo online não há. Apenas, milhares de desconhecidos que são avaliados exclusivamente pelo número de seguidores ou likes, como se isso bastasse para avaliar a idoneidade de uma pessoa.
Com esse cenário, é inevitável que as fakes news não sejam as protagonistas. Fragmentos de peças de marketing e conteúdos comprados estão disfarçados na espontaneidade de qualquer postagem. Não é para menos que uma pesquisa realizada pela agência de inteligência de dados Ponto Map e pela V-Tracker, plataforma de monitoramento de redes sociais aponta que as mídias tradicionais e o jornalismo profissional são vistos como meios de comunicação mais confiáveis para a população.
Do outro lado, no levantamento, as redes sociais e os influenciadores digitais são os menos confiáveis, apontam os números apresentados. O rádio é líder na confiabilidade (81%), a TV fechada (75%), TV aberta (70%), mídias impressas (68%) e portais noticiosos (59%) foram identificados como modos mais confiáveis de consumir informações do que WhatsApp, Telegram e Discord (51%), blogs (43%), redes sociais (41%) e influenciadores (35%).
A tendência das pessoas a recorrerem à imprensa tradicional é devido ao excesso de fake news e ao volume absurdo de informações disponíveis. A imprensa tradicional se responsabiliza pela informação veiculada. Ela tem CNPJ, endereço, sede própria e fatores que melhoram a reputação do veículo, de acordo com a pesquisa, como fontes confiáveis (51%), apresentação de números claros (35%), qualidade do conteúdo (32%), profissionalismo dos jornalistas (31%) e reputação ou tradição (21%).
O nível de confiança em jornais e revistas impressas, na pesquisa, foi de 68% enquanto que em podcasts (64%) e portais e sites de notícias (59%), portanto, com o avanço da desinformação online, o jornalismo impresso, pautado na seriedade, na credibilidade continua sendo fonte de informação para a população e o principal o meio mais confiável para as pessoas se informarem de verdade.

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