A Avenida Lauro Gomes, na divisa entre os municípios de Santo André e São Bernardo, está se tornando uma verdadeira cracolândia do ABC. O risco dos veículos que circulam nas proximidades do Núcleo Tamarutaca, uma das favelas urbanizadas mais populosas de Santo André, é extremamente alto. Não há fiscalização, nem policiamento.
O traçado original da obra foi concebido em 1963, quando as duas cidades aprovaram lei de cooperação para construir um corredor viário às margens do Ribeirão dos Meninos. Porém, apenas em 1999, quando São Bernardo inaugurou os primeiros 4,5 km da via, com quatro faixas, ligando as Avs.Kennedy e Senador Vergueiro ao bairro Rudge Ramos. Em 2004, a Prefeitura de Santo André inaugurou 1,3 km da avenida. O objetivo era desafogar o trânsito do entorno e, pouco tempo depois, foi aberto novo trecho da via, com 3km, sentido São Bernardo, para dar acesso ao Paço Municipal e à Av.Pereira Barreto.
O objetivo da obra até pode ter sido alcançado, amenizando o congestionamento que, apesar de intenso, chegando a saturar o a passagem de veículos nos horários de pico. Atualmente, a Av.Lauro Gomes passa por um agravante no trânsito de veículos devido às interdições e alterações, mas por um bem maior, as obras do BRT (Bus Rapid Transit), também conhecido como Ônibus de Trânsito Rápido. Trata-se de um novo modal de transporte que visa proporcionar maior velocidade, eficiência e conforto no transporte público, utilizando ônibus em corredores exclusivos e que deverá começar a funcionar em fevereiro de 2026.
Porém, as margens da avenida foram tomadas por barracos e número elevado de usuários de drogas, entorpecentes e, principalmente, crack.
Na segunda (9), os motoristas que passavam pelo local puderam ver pessoas acendendo o cachimbo para fumar crack, pela manhã. Assim, os motoristas ao se deslocarem pela avenida, ao passar nas proximidades do Núcleo Tamarutaca, em Santo André, têm momentos de pânico e pavor, a paisagem é de pós-guerra. Nas calçadas, há muito lixo acumulado, entulho e barracos improvisados com tábuas de madeira, papelão, colchões rasgados, e moradores de rua, a maioria deles, para não dizer a totalidade, andam cambaleando atravessando a avenida a qualquer instante enrolados em cobertores, visivelmente alterados pelo consumo de entorpecentes. Como a velocidade deve ser reduzida devido às obras da via, o motorista nunca sabe qual o momento que será abordado por algum deles, para pedir dinheiro.
A situação não é novidade, mas ganhou proporção gigantesca, por ser um problema de difícil solução e há anos vem se agravando.
Ainda que seja um problema que possa gerar custo elevado para o município, a lei permite internação compulsória de usuários de drogas nas ruas. Em 2019, o então presidente Jair Bolsonaro sancionou projeto que altera a Lei Antidrogas (11.343/06) para prever a internação involuntária (contra a vontade do dependente químico), o acolhimento de usuários de drogas em comunidades terapêuticas. São considerados dois tipos de internação: a internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do dependente de drogas; e a internação involuntária: aquela que se dá, sem o consentimento do dependente, a pedido de familiar ou do responsável legal ou, na absoluta falta deste, de servidor público da área de saúde, da assistência social ou dos órgãos públicos integrantes do Sisnad.
É preciso empenho e coragem para enfrentar e resolver este problema, porque caso nada seja feito, em pouco tempo ficará inviável transitar pela via e, os usuários de drogas poderão dominar outras áreas da cidade.
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