Opinião

A escola e o isolamento

Em tempos de Coronavírus, inúmeros especialistas em Educação têm abordado preocupante tema. Com a suspensão das aulas, veio à baila a tecnologia para o ensino, como forma de reparação dos danos aos alunos.
Aulas à distância e plataformas digitais são mais palpáveis quando falamos em Ensino Superior, considerando que muitas faculdades e universidades, já adotam estes métodos há alguns anos, notadamente nos últimos quatro.
Porém, na Educação Básica ( ensino fundamental e médio ), o problema é maior, porque as escolas não estão preparadas para aulas  “online” e aplicativos; no entanto, estão rapidamente encontrando uma forma de introduzirem e se adaptarem às novas tecnologias.
Pesquisas confirmam que mais de trinta por cento das residências não têm acesso à internet, em geral, as classes menos favorecidas.
A rede privada tem encontrado soluções que demandam recursos financeiros, mas na rede pública, é muito mais difícil; os alunos que aqui estudam sentem mais os impactos do aproveitamento escolar, muito embora, eles tenham acesso a aulas “online”, porém, muito menos intensas do que aqueles alunos da rede particular.
E quando falamos em rede particular, pensamos nas escolas de ponta, as mais conhecidas, mas a maioria delas é pequena, em bairros, e muitas, em periferias, com mensalidades baixas e, consequentemente, com falta de recursos tecnológicos, formação e treinamento de professores.
Rosely Sayão, psicóloga, articulista do “Estadão”, faz um diagnóstico sobre esse momento escolar: ” como manter o filho atento às aulas – vídeos, que podem ter a duração de mais de uma hora? como obrigar o filho a ficar conectado nas atividades escolares? como ajudá-los nas tarefas?”.
Muitas famílias estão tensas e atentas com essa situação, e as escolas também, pois,a grande maioria das Instituições se viram, de um momento para o outro, com a necessidade obrigatória de introduzirem em seus conteúdos programáticos o Ensino a Distância (online).
E os professores? Como estão sentindo essa experiência?
Em pesquisa recente no “Estadão”, constatou-se que oito em cada dez professores não se sentem preparados para estas vídeo-aulas. Quase setenta por cento desses docentes entrevistados, disseram-se ansiosos, e poucos deles, realizados.
 Na rede particular, as equipes costumam se reunir “online” para discutirem as abordagens pedagógicas durante a pandemia, mas raramente há grupos com psicólogos para que os professores possam expor o que sentem.
O retorno às aulas presenciais deverá ocorrer em setembro próximo, mas não será uma volta pós-férias, como afirma Priscila Cruz, Presidente do “Todos pela Educação”.
Haverá sim um protocolo rigoroso de saúde, de impacto emocional, verdadeiro ritual do acolhimento.
Possivelmente, esse retorno deverá começar com capacidade inferior a cinquenta por cento do que comporta a escola.
E fator importantíssimo que deverá ocorrer: a defasagem da aprendizagem, a desigualdade, o abandono escolar e as questões emocionais, o que gerará um trabalho em conjunto com a saúde, economia e assistência social.
Em países, exemplos em educação, mostram que o professor é fator determinante para o ganho de aprendizagem do aluno, principalmente para os mais vulneráveis, assim como, países que colocaram a educação em primeiro lugar neste momento de pandemia, estão se saindo muito mais fortalecidos deste angustiante momento.