Para aqueles que leem os jornais sem se darem conta do que se escreve, muitas vezes, por trás de metáforas, a democracia vai bem. No entanto, melhor do que se esconde nas entrelinhas ou disfarces o que há é um perigo constante rondando nosso atual regime de liberdades. Se dependesse só do governo, ou de boa parte dele, a defesa e a manutenção das franquias da imprensa, já teríamos perdido o pé. O presidente Bolsonaro acompanhado de muitos de seus áulicos, dentro e fora do governo, nos oferece farto material, diariamente, para compreender até onde ele quer chegar no que diz, por exemplo, com a liberdade dos meios de comunicação. Ele vem reiterando, cada dia, seu desejo de fechar o Congresso e, a partir daí, viria seu poder absoluto. Escreve o prof. CONRADO HÜBNER MENDES sobre a intenção do presidente de ‘fechar’ o Congresso: “Fechar” você sabe, é uma metáfora. “O novo AI-5 é uma metáfora. Os meios operam nas sobras enquanto o bufão nos ofende e nos furta a serenidade”. A leitura do que se passa exige mais atenção. Os tempos são outros e nos porões já se veste terno e gravata. O tribunal vai fechando enquanto esperamos o cabo e o soldado. A Polícia Federal acabou de fechar e poucos notaram. A Procuradoria Geral da República fechou faz tempo. Ibama e Funai fecharam. “É preciso proteger o STF contra as ameaças de uma pessoa pública infame que há trinta anos viola a lei sem maiores consequências. Aprendeu tão bem que, na Presidência, cometeu crimes comuns e de responsabilidade. Mas também é urgente defender o STF de alguns dos ministros e seus maus costumes. Bolsonaro não pode abrir mão de um tribunal desde que fraco e servil. Um guia prático para defender o STF é, entre outras coisas, um guia de bom comportamento para seus ministros. Bom comportamento não é só mandamento de ética judicial, é estratégia de sobrevivência” (cf. Folha de S. Paulo, 06/05/2020. Essa mesma Folha que Bolsonário fecharia em primeiro lugar, se pudesse, além de outras violências e investidas contra a Imprensa, em geral, que o critica e o repreende).
Um outro Prof. Herch Moysés Nussenzveig anota: “Eleito deputado federal, Bolsonaro passou 27 anos como membro obscuro do baixíssimo clero. Ao votar para o impeachment de Dilma, homenageou o torturador mór Ustra como “herói nacional”. Nos vídeos de campanha simulava empunhar dois revólveres. Como dom Copleone tem capangas e exige obediência absoluta. Acabou eleito presidente contra o PT. Que o diga o ex-ministro Mandetta que lhe não deu ouvidos para tocar o ministério do jeito que ele, Bolsonaro queria – e foi demitido. O Generalíssimo Franco, na Espanha não faria diferente.
Agora Bolsonaro tem companheiros “leais” entre os componentes do “Centrão” que estão indicando nomes para compor o governo federal. Dona Regina Duarte já está na mira para demitir-se ou ser demitida.
Assim caminhamos em nossa agora claudicante democracia. Até quando, só Deus sabe. Deus e os “companheiros” do, de novo, poderoso Centrão.