São Bernardo comemora nesta semana a Festa da Padroeira/Procissão dos Carroceiros, promovida pela Basílica Menor Nossa Senhora da Boa Viagem – a Matriz da cidade. São muitas atividades: celebrações religiosas, espaços gastronômicos, shows musicais, culminando com a tradicional Procissão dos Carroceiros, percorrendo as ruas da cidade com pessoas a pé ou bicicleta ou a cavalo ou de charrete ou de automóvel.
Os primeiros registros desta festa são de meados do século XIX. Entretanto, alguns anos antes, uma imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem era venerada numa rústica Capelinha, junto ao antigo Caminho do Mar – atual Rua Marechal Deodoro, em frente à Basílica Menor – e, apesar de ter sofrido algumas alterações ao longo dos anos, ela ainda se mantém. Por sua localização estratégica, em direção ao litoral, tornou-se ponto obrigatório de parada dos viajantes, para pedidos e preces de proteção à longa viagem tendo de descer a serra para enfrentar todo tipo de perigos: mata fechada, animais selvagens, terreno íngreme e assaltantes.
E também os agradecimentos dos que subiram ao planalto sem incidentes. Em 21 de outubro de 1812, o Príncipe-Regente do Brasil, futuro Dom João VI, promulgou um decreto autorizando a instalação da paróquia que passou a ser denominada “Nossa Senhora da Conceição da Boa Viagem”. E assim, ao longo dos anos, ela sempre foi celebrada, com festividades especiais em seu louvor com muitas rezas, ladainhas, missas, fogos de artifício, leilões, levantamento de mastro -todas essas atividades sempre após à chegada da Procissão dos Carroceiros. Esta Procissão traz à lembrança, o meio de transporte utilizado em tempos passados e, apesar da mudança nos meios de locomoção e de algumas diferenças na forma de desenvolver a programação, a tradição continua.
Atualmente, a imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem sai da Basílica e é transladada em carreata para uma paróquia de algum bairro da cidade (neste ano – Bairro Assunção) e volta uma semana depois, na Procissão dos Carroceiros com carroças, charretes, cavaleiros, automóveis, bicicletas e muitos fiéis a pé. É a mais antiga manifestação de religiosidade, de cultura e de folclore de toda a região do Grande ABC. O primeiro registro oficial de sua realização é de 31 de março de 1856. Assim a Festa da Padroeira continuou pelos anos afora, com algumas mudanças, de acordo com sua época. Teve momentos com grande participação de carros e caminhões, todos bem enfeitados com bandeirolas e bambus ou então, aqueles tempos em que os barulhentos carros de boi transportavam a imagem de Nossa Senhora percorrendo as ruas da cidade. Um decreto municipal de 1976 oficializou a comemoração. E em 1984 a Festa da Padroeira passou a integrar o Calendário Turístico do Estado de São Paulo.
Mesmo durante a pandemia a Festa da Padroeira foi realizada, em carreata percorrendo os bairros centrais do município. E, no ano passado, a Festa da Padroeira /Procissão dos Carroceiros foi declarada pelo COMPAHC-SBC como Bem Cultural de Natureza Imaterial e Patrimônio Cultural de São Bernardo. Neste domingo, dia 8 de setembro, mais uma vez acontece a procissão – sairá da Paróquia Nossa Senhora da Assunção em direção à Basílica Menor Nossa Senhora da Boa Viagem. A Festa da Padroeira é grande motivo de orgulho, alegria e devoção para os são-bernardenses.
Hilda Breda Assumpção – integrante da Ame (Associação dos Amigos da Memória de São Bernardo)
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