No Brasil de 2025, a separação de poderes não é apenas uma piada: é um cadáver em putrefação que ninguém ousa enterrar. Governo Lula, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF) funcionam como uma trindade obscena, na qual acordos escusos substituem a legalidade, e o interesse público é sacrificado em negociações de madrugada. Os exemplos recentes não deixam dúvida: há um conluio deliberado, orquestrado por elites que tratam o Estado como butim particular.
No escândalo das emendas parlamentares de 2025, o Centrão transformou a chantagem em arte. Entre junho e julho, o governo Lula liberou mais de R$ 2,3 bilhões em emendas numa única semana, 59% para o Centrão – não por mérito, mas por covardia. O objetivo? Bloquear a votação sobre o IOF e impedir CPIs contra ministros. Essa é a governabilidade de Lula: pagar bilhões ao bloco que o segura pela garganta. Montesquieu rolaria nos ossos se visse isso. O Centrão pressionou o calendário dos repasses, e o Planalto, sem espinha, capitulou. É extorsão disfarçada de “articulação política”.
Paralelo a isso, o STF entrou na festa com sua licenciosidade. Em julho de 2025, o ministro Alexandre de Moraes, em decisão monocrática que feriu até senadores de sua base, suspendeu simultaneamente os decretos sobre o IOF e a decisão do Congresso que os havia derrubado. Moraes, esse árbitro que legisla, determinou uma “audiência de conciliação” para resolver um conflito que cabia ao Congresso, não a um justiceiro de toga. A crítica do senador Esperidião Amin revelou o óbvio: o STF concentra poderes monocráticos que nenhuma instituição democrática deveria permitir. Em solidariedade corporativista. A resposta do STFfoi uma nota defendendo Moraes – tudo para proteger um dos seus da investigação no Congresso sobre denúncias de uso indevido da máquina eleitoral.
A promiscuidade é ainda mais visceral no desempenho do governo no STF. Entre 2023 e 2024, a Advocacia-Geral da União venceu 89% dos seus processos no STF – uma taxa que desafia a probabilidade de uma corte imparcial. Não é coincidência; é prova do conluio. Em agosto de 2025, o ministro André Mendonça denunciou o “ativismo judicial” desenfreado da Corte, especialmente no Marco Civil da Internet, onde o STF criou restrições sem lei – invasão clara da competência legislativa. A maioria ignorou a crítica, fechando fileiras como uma máfia corporativa.
O IOF é o símbolo máximo dessa farsa tripartite. O governo Lula tentou aumentar o imposto (decreto); o Congresso derrubou o decreto (votação legítima); e o STF, via Moraes, suspendeu ambas as decisões, criando um vácuo que só servia ao Executivo. Ninguém sabia onde estava a autoridade; exatamente o que três poderes promíscuos queriam. Raymundo Faoro chamaria isso de um patrimonialismo mais puro: um Estado que não age pela nação, mas para manter elites no poder, pouco importando o caos que deixam para trás.
O povo brasileiro, nesse ínterim, vê sua moeda encolher, a inflação roer seus salários, hospitais desabarem e escolas virarem refúgios de ratos. Enquanto isso, ministérios capitaneados pelo Centrão recebem emendas milionárias, o STF legisla às escondidas, e Lula segue fingindo que governa. A “geleia geral” não é metáfora; é a documentação do colapso institucional. Sem uma reforma radical que desmonte esse conluio – com fim das emendas secretas, investigação real dos ministros do STF, e resgate da separação de poderes – o Brasil continuará sendo aquele onde o túmulo de Montesquieu é pisoteado diariamente, e nós, povo, somos apenas espectadores de nossa própria tragédia.














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