Quinta Avenida

A sapoti Angela Maria

A cantora Angela Maria nasceu no dia 13 de maio de 1929 na cidade de Conceição de Macabú, estado do Rio de Janeiro. A décima filha de Albertino Coutinho Cunha, agricultor e mais tarde pastor da igreja batista e Julia Maria da Cunha. Seu nome no registro de nascimento era Abelim Maria da Cunha. Em uma família muito pobre, Abelim passou a infância ajudando economicamente a família ao realizar trabalhos domésticos.

Angela Maria

O talento para o canto, foi descoberto pela primeira vez quando cantava na igreja que frequentava, ainda adolescente. Ansiosa para se apresentar publicamente, se escondia dos cultos religiosos contra a vontade da família, para participar de concursos de calouros em emissoras do Rio de Janeiro, inscrevendo-se com o nome artístico de Ângela Maria. As competições rendiam prêmios em dinheiro, que ela guardava em uma caixa de sapatos.
Logo mais, começou a cogitar da ideia de gravar um álbum em futuro próximo. Na idade adulta, ganhava a vida trabalhando em uma fábrica, onde deixava os companheiros se deslumbrarem ao interpretar canções semi-operísticas como “Ave Maria” do compositor Gounod.
No início de 1950, Ângela Maria se tornou um sucesso instantâneo quando as emissoras de rádio começaram a tocar seus primeiros discos. No final da década, após conquistar inúmeros prêmios e se tornado a cantora mais bem paga do país, iniciou apresentações em programas de televisão “ao vivo”. Nessa época, mantinha uma agenda exaustiva, viajando frequentemente entre São Paulo e Rio de Janeiro.
As interpretações de Ângela Maria foram influenciadas pelo “bel canto” italiano e latino-americano, especialmente o bolero, segundo o crítico musical Rodrigo Faour, seu biógrafo. “Uma voz poderosa e quente, com um efeito hipnotizante e doce de mezzo-soprano, alcançando todas as notas graves e agudas.
Em 1954, foi eleita “Rainha do Rádio” e considerada a cantora mais popular daquela década. Entre seus maiores sucessos estão a rumba “Babalú” e as baladas “Lábios de Mel”, “Não Tenho Você” e “Vá, Mas Volte”. Ângela Maria teve uma carreira musical de enorme sucesso e se apresentou em casas de espetáculo lotadas até os 80 anos de idade, com a voz ainda vibrante. De repertório eclético, sentia-se igualmente a vontade cantando tangos, boleros e Cha-Cha, Chas.
Um repertório extenso com mais de 650 músicas e a participação em 20 películas cinematográficas. Numa época em que o divórcio era mal visto no Brasil, quebrou um tabú cultural ao se casar quatro vezes. A famosa cantora e atriz brasileira Carmem Miranda era sua fã. Uma celebridade em Hollywood e ávida colecionadora de seus álbuns. Quando Ângela Maria soube que Carmem queria conhecê-la, ficou emocionada, declarando que Carmem era seu ídolo.
Ao contrário de outras cantoras de rádio da época, ela manteve um enorme público durante as eras da bossa nova e da tropicália a partir do final dos anos 1950 até os anos 1960, viajando por todo país, de norte a sul de leste a oeste levando sua arte. Ela influenciou músicos proeminentes como Milton Nascimento, Djavan e Maria Bethânia. A renomada cantora Elis Regina declarou certa ocasião, que foi tremendamente influenciada por ela.
Poucos meses antes de completar 80 anos, faleceu no dia 29 de setembro de 2018, em decorrência de uma infecção generalizadas que a levou a uma parada cardíaca em São Paulo. Ângela Maria era chamada carinhosamente de Sapoti pelo então Presidente Getúlio Vargas. Apelido que a acompanharia por toda carreira. Sapoti, é uma fruta tropical com sementes de sabor doce e polpa macia, consumida no norte e nordeste do Brasil.

Angela Maria – a rainha canta

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