Editorial

A sucessão em São Caetano

Em São Caetano, o prefeito José Auricchio Júnior (PSDB) está no último ano de governo do quarto mandato. Como foi reeleito em 2020, e cumpre o segundo mandato consecutivo, não poderá concorrer à reeleição na disputa de outubro próximo.
Auricchio foi eleito em 2016, com 32.067 votos válidos (34,34%) dos votos válidos. Foi reeleito em 2020, com 42.842 votos (45,28%). Iniciou a sua gestão com uma dívida herdada da gestão anterior de R$ 250 milhões e, em hercúlea missão, conseguiu não apenas saná-la, mas revelou, em uma de suas recentes prestações de contas, que São Caetano apresenta o melhor resultado econômico financeiro orçamentário, que “nunca tivemos nos meus 15 anos de prefeito”.
O endividamento que atingia 15,44% da capacidade econômica da cidade, em 2016, chegou a zero, em dezembro de 2023, com superávit de R$ 58 milhões. Atualmente, de acordo com o prefeito, o município possui mais de R$ 95 milhões de saldo de caixa. Além disso, a capacidade de investimento de São Caetano, que era de R$ 16,69 milhões em 2016, chegou a R$ 146,41 milhões, em 2023. Em 2018, Auricchio também alcançou outro feito, que parecia algo improvável, devido a limitação de votos do município para eleger um deputado por si só: elegeu o filho, Thiago Auricchio, com 73.435 votos, para deputado estadual, que, em 2022 também foi reeleito, com 123.483 votos.
Nestas eleições, Auricchio que é o prefeito com o maior número de mandatos da história de São Caetano, com quatro, superando Walter Braido (3), não concorrerá à reeleição. Então, lançou, para a sucessão, o amigo de longa data e vereador Tite Campanella (PL), como pré-candidato a prefeito, e a secretária da Saúde, Regina Maura Zetone (PSD), para vice.
Tite é filho do ex-prefeito Anacleto Campanella, que governou São Caetano, no período de 1961 a 1965. Em 2021, o atual pré-candidato também teve uma experiência à frente do Palácio da Cerâmica, por um ano, período no qual Auricchio ficou afastado por conta de desdobramentos de um impasse jurídico.
Na história recente da cidade, três prefeitos obtiveram êxito para elegerem seus sucessores: Anacleto Campanella, que elegeu, em 1964, Walter Braido, que na época era secretário municipal da gestão Campanella; Walter Braido, que após exercer seu segundo mandato como prefeito, de 1983 a 1988, fez seu sucessor, Luiz Olinto Tortorello. Em 2004, Tortorello também elegeu seu sucessor, José Auricchio Júnior, então secretário de Saúde da gestão Tortorello. Portanto, em São Caetano faz 20 anos que o último prefeito (Tortorello,) conseguiu eleger seu sucessor no governo.
Se Auricchio que, atualmente, tem a gestão bem avaliada pela população, e é o prefeito de todo o ABC, com maior número de mandatos, junto a José de Filippi Júnior (PT), de Diadema, também no quarto mandato, conseguir o feito de eleger seu sucessor, irá quebrar o paradigma da eleição de 2012. Na ocasião, não obteve sucesso na eleição da então secretária de Saúde, Regina Maura, para a sua sucessão. Assim, deixará um legado de mais de 15 anos de governo, no total, no comando do mesmo grupo político.
Nestas eleições, Tite e Regina enfrentarão nas urnas os adversários: Fabio Palacio (Podemos), ex-vereador, por três mandatos; Mario Bohm (Novo), já foi candidato pelo Novo em 2020, mas nunca atuou na política; Jair Meneguelli (PT), que foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, de 1981 e 1987, e ex-deputado federal, por dois mandatos e o professor Rafinha (PSOL), que há 17 anos, atua como educador na Escola Municipal Alcina Dantas Feijão.
Apesar da imprevisibilidade de todo processo eleitoral, o peso do legado Auricchio, com mais de 15 anos de gestão, somado ao legado Campanella na cidade e ao legado Regina Maura na Saúde de São Caetano, sem sombra de dúvida, darão um árduo trabalho para qualquer adversário nas urnas. Alea iacta est.