AME Memórias de São Bernardo

A Tecelagem Aída

Tecelagem Aída – Tecelãs e Pery Ronchetti à esquerda (Acervo Centro de Memória de São Bernardo)

Houve um tempo em São Bernardo em que grande parte dos homens trabalhava nas fábricas de móveis e marcenarias da cidade, enquanto as mulheres empregavam-se nas tecelagens. Muitos namoros seguidos de casamento aconteceram entre eles, que se encontravam no descanso da hora do almoço na Rua Mal. Deodoro, endereço da maioria dessas fábricas.
Duas dessas tecelagens se sobressaíram pela alta qualidade de seus tecidos e pelo número de pessoas empregadas: a Tecelagem Villa de São Bernardo e a Tecelagem Aída, chegando a ter 140 funcionários cada uma delas, nas décadas de 1930 e 1940/50. A história da Tecelagem Aída se inicia com Pery Ronchetti Carlos, um dos pioneiros do ramo têxtil em São Bernardo, com grande visão para negócios, o primeiro membro da família Ronchetti a chegar na cidade em 1925.
Ele empregou-se como gerente da tecelagem Nascimento & Pelosini, situada na R. Marechal Deodoro nº 72. Em 1932, Pery adquire esta tecelagem, que recebeu o nome de Indústria de Tecidos Sul-Americana, renomeada anos mais tarde para seu próprio nome, Pery Ronchetti Carlos.
Em 1944, Pery encerra sua indústria e funda com seus irmãos Bruno, Pensier e seu cunhado Jose D’Angelo, marido de Bruna Ronchetti, a Tecelagem Aída S/A, que é transferida em 1954 para as antigas instalações da Tecelagem Villa de São Bernardo, à Rua da Fábrica, nº 9 (atual Rua Ítalo Setti), adquirida por eles da família Setti. Todos os funcionários de ambas as tecelagens continuaram contratados, não houve uma dispensa sequer.
Foi em ambas as tecelagens que trabalhou por 47 anos ininterruptos, a tecelã e lançadeira Verônica Breda Wunderlick, filha de Giovanni Breda. Recebeu, em 1961, a comenda de Operária mais Antiga de São Bernardo do extinto semanário Folha de São Bernardo e, em 1965, o título de Cidadã Emérita de São Bernardo, concedido pela Câmara Municipal da cidade.
Dos funcionários da fábrica, dois deles sobressaíram-se posteriormente seguindo profissões diferentes da que tinham quando lá trabalhavam: a tecelã Olga Costernaro, que no início dos anos 50 ficou conhecida como Marisa Prado no meio artístico, trabalhando em filmes como o “Cangaceiro”, “Tico-Tico no Fubá” entre outros; e o auxiliar de escritório Geraldo Faria Rodrigues, que elegeu-se vereador e nos anos de 1973 a 1976, foi prefeito de São Bernardo.
Em 1968 a rentabilidade do ramo não era grande e o parque nacional têxtil estava sucateado, sofrendo concorrência externa. Sem financiamento do governo e com a mão de obra migrando para o setor das recentes fábricas de automóveis do município, a família Ronchetti optou por encerrar as atividades da Tecelagem Aída, em 30 de dezembro de 1968.

Elexina N. Medeiros D’Angelo – integrante da AME (Associação dos Amigos da Memória de São Bernardo).

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