Opinião

A vida da Didi (I)

Em minhas orações sempre agradeço a Deus por eu ter nascido em um berço de ouro, como se fala popularmente. Pais trabalhadores e maravilhosos. Cinco irmãos… um homem e quatro mulheres. Ronald, eu, Amarylis, Suzana e Rosa Maria.
Minha mãe, Odette Celeste, filha dos portugueses Assumpção Firmina Viegas Tavares e João Domingues Tavares, era musicista, pintora, autora de músicas, poetisa, etc. Meu pai, Alberto Eduardo, era filho dos alemães Guilherme Bellinghausen e Catharina Guttbier Bellinghausen. Eles se conheceram em São Bernardo e se casaram em 1897. Era empresário no setor moveleiro.
Nasci em São Paulo, mas fui gerada em São Bernardo. Durante meus primeiros 3 anos, moramos na esquina das ruas Dr. Flaquer e Tomé de Souza. Aí pelos 4 anos, mudamos para o mesmo quarteirão, na Rua Carlo Del Prete. No dia em que fiz sete anos, mudamos para a Rua João Pessoa, esquina com a Dr. Fláquer.
Minha mãe fundou a Associação Beneficente Bartira quando eu tinha seis anos. Foi única na cidade e esteve ativa por 30 anos. Eu segui os passos dela e sempre trabalhei em prol dos necessitados.
Quando bebê, fui desenganada ao ter uma coqueluche e depois uma desidratação. Nesta, minha mãe, que só dava o peito, fez um chá com brotos das folhas de goiabeira e me deu numa mamadeira. O médico falou “Você podia matar a menina!” E ela respondeu “Mas o senhor me disse que não tinha esperança…”
Aos 14 anos, fui atropelada por um caminhão. Aos 17, por um cavalo. Aos 19, por uma motocicleta. Sempre saí andando. Aos 18 anos, peguei a gripe asiática. Meus familiares e vizinhos, depois. Eu e a empregada fazíamos um grande caldeirão de canja que era distribuído entre a família e vizinhos. Depois do almoço, eu era voluntária no Posto de Saúde da cidade. Devido a necessidade de atender tantos pacientes, acabei aprendendo a aplicar injeções (tenho boas histórias dessa experiência).
Dos 14 aos 17 anos, fui apaixonada pelo Theo (Theobaldo Coppini). Na festa do meu aniversário (eram feitas em casa) ele pediu-me em namoro. Naquela época o pedido de namoro era “Você guarda um lugar no cinema para mim amanhã?”.
Nosso primeiro beijo foi assim… o Theo me pediu permissão e, na hora, eu coloquei o rosto de lado. Ele perguntou novamente e eu coloquei outra vez o rosto de lado, no que ele falou “Se você tirar o rosto mais uma vez não vou te beijar”. Eu então fiquei com a cabeça dura. Muito mais tarde eu contei que tinha feito aquilo porque havia observado os artistas dos filmes fazendo o mesmo.
Casamos quando eu tinha 21 anos e ele 25. Com a formação em música, dei aulas até ficar grávida. Um ano e três meses depois de casados, nascia o primeiro filho. Fui o caso negativo da carreira do médico Adolpho Goldenstein, como ele mesmo disse na época. O parto foi por meio de fórceps. Fiquei internada 7 dias e meu filho mais alguns. Nove meses depois fiz uma cirurgia e perdi um terço do útero.
(Continua)