Apesar das tentativas dos prefeitos do ABC, por meio do Consórcio Intermunicipal, desde sábado (30) de maio, o governador João Doria não cedeu às pressões dos prefeitos locais e não acatou aos pedidos de reclassificação da região, para o início da reabertura do comércio.
A região segue na fase 1 (vermelha), onde apenas estabelecimentos de serviços essenciais podem funcionar normalmente. Não foi liberada a reabertura aos demais comércios, até uma próxima análise, que deverá acontecer, nesta terça (9). Caso haja, efetivamente, uma reavaliação, o governador poderá anunciar a permissão para a reabertura gradual no ABC, na quarta (10).
O ABC registrou, até quarta (3), índice de ocupação de 57,17% em leitos de UTIs e 41,8% em leitos de enfermaria. Já em relação a outro critério de análise do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, para avaliar a flexibilização, o índice de isolamento social, Santo André atingiu marcas de 47%; São Bernardo e São Caetano, 46%; Diadema, 44%; Mauá, 43% e Ribeirão Pires, 47%.
Governador
Durante coletiva de imprensa, na quarta (3), Doria ressaltou que o Estado não ‘liberou geral’ e que a reabertura da economia será “serena, gradual e sequencial” e enfatizou: “não cederemos às pressões, nem de prefeitos, nem de empresários ou de outros setores. Não será adotada nenhuma pressão. A pressão não mudará destino e a conduta para a tomada de decisões em São Paulo”. O governador ainda completou: “os prefeitos não vão transformar a reabertura em celebração, em uma festa da reabertura”.
Prefeitos
Na noite de quarta (3), os prefeitos do ABC, realizaram lives para comentar sobre a decisão do governador.
Tanto o prefeito Paulo Serra (Santo André), quanto o de São Bernardo (Orlando Morando) defenderam a equiparação do ABC à São Paulo, que já está classificada na fase 2 (laranja), que permite a reabertura gradual de setores como imobiliárias, concessionárias, comércios, shoppings, com restrições, porém, ainda segue na fase 1 (vermelha), com prorrogação da quarentena até 15 de junho.
O prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, avaliou que: “o município vai seguir a ciência e que a ciência siga São Bernardo também. Se é para abrir a Capital, abra o ABC também. Vou seguir a coerência. Não queremos pessoas de São Paulo vindo infectar o nosso ABC e, nem que os moradores do ABC vão para a Capital se infectar. Se o governador abrir a Capital, vamos abrir em São Bernardo, mesmo sem ele deixar, seguimos a lógica e a ciência. Critico porque quero coerência e bom senso. O vírus não tem aliado político, amigo”.
Paulo Serra, prefeito de Santo André, endossou o discurso de Morando. “Pouco importa se o governador anunciar ou não a flexibilização para o ABC. Já estamos preparados para a fase laranja. Foi uma grande injustiça com a nossa região. Temos índices bem melhores que a Capital. Independente da avaliação do Governo do Estado, dos critérios científicos, temos os nosso planejamento, Santo André tem índices para reabrir e vamos reabrir em 15 de junho, apesar de ter a convicção que isso seja aprovado para os próximos dias”, enfatizou.
Já o prefeito José Auricchio, de São Caetano, em tom mais sereno, relembrou: “O Supremo Tribunal Federal (STF) já deu prerrogativas aos municípios para que endureçam as medidas contra o coronavírus, porém, não para divergir os decretos dos governadores. Os municípios que tentaram flexibilizar antecipadamente tiveram medidas jurídicas e foram obrigados a revogar essas decisões e trazer de volta a um grau maior de isolamento. Não tomaremos medidas irresponsáveis, vamos continuar nos baseando nos números, em nossa experiência, sempre, nos preocupando em salvar vidas”. E completou: “Frente a indicadores de outros municípios do ABC, devemos ser prudentes. Faço coro a essa prudência de ainda não liberar a região para a fase 2 (laranja)”, disse.
Consórcio
O presidente do Consórcio ABC e prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão, ressaltou que a região atendeu a uma série de critérios que permitiriam a reclassificação. “Nossos números têm condições de passar para a fase 2 e iniciar uma retomada gradual e consciente. O ABC oferece 30 leitos de UTI para cada 100 mil habitantes, enquanto que a exigência mínima é de 10 leitos”, afirmou Maranhão. Também destacou a visita anunciada pelo do secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, ao Quarteirão da Saúde, em Diadema, para credenciar novos leitos destinados a casos de Covid-19 na região. Agendada para este sábado (6), às 10h, a visita será acompanhada por técnicos da Saúde do Governo do Estado.