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ACIGABC debate alterações do Plano Diretor de São Bernardo

A Associação dos Construtores, Imobiliárias e Administradoras do Grande ABC (ACIGABC) promoveu, nesta quarta (10), a 1ª edição do Café da Manhã, cujo tema foi Plano Diretor de São Bernardo. Na ocasião, o presidente José Julio Diaz Cabriano recebeu o vice-presidente do Secovi-SP, Claudio Bernardes, para explanação sobre os detalhes do Plano e as mudanças que irão ocorrer, após a sua aprovação, na Câmara Municipal.

O presidente José Julio Diaz Cabriano revelou à Folha que o Plano Diretor traz para a cidade uma visão urbanística revitalizada. “Há uma diferença de adensamento absurda de um lado da Via Anchieta e do outro. Então, esse Plano vai trazer uma revitalização para esse lado esquerdo da via Anchieta, criando eixos de transporte, que vão ser potencializados e, isso vai beneficiar a construção, a cidade e o desenvolvimento econômico do município”, avaliou.

De acordo com Cabriano, os eixos de mobilidade urbana estarão integrados com dois modais. “O BRT, que está em execução, que vai cruzar na rua Afonsina, com o metrô, que vai ter três estações em São Bernardo e três em Santo André. E isso vai dar uma mobilidade muito diferenciada para a cidade e esse Plano Diretor levou isso em consideração. Ele está trazendo o benefício da potencialização da construção, a verticalização, inclusive podendo se fazer nesses eixos um misto entre HIS (Habitação de Interesse Social) e HMP (Habitação de Mercado Popular), que é importante socializar essas áreas, com investimento mais barato”, explicou.

O presidente disse que ainda faltam “ajustes finos” no Plano, mas que eles deverão depender de dois fatores: o valor da outorga onerosa e os parâmetros urbanísticos da lei de zoneamento.

ALTERAÇÕES DO PLANO DIRETOR

Claudio Bernardes contou que foi realizado um diagnóstico da macro zona urbana de São Bernardo. “Primeiro se identificou assimetrias de desenvolvimento e infraestrutura entre as porções, leste e oeste e foi identificado que o Centro ainda é o maior polarizador de atividades, seja de equipamentos ou de empregos formais”, disse.

Também falou sobre o Índice de Áreas Verdes (IAV) da cidade. “Em relação às áreas verdes, há média de 9.54 m² por habitante, sendo que em 15 bairros esse índice é menor do que 3 m² por habitante e a recomendação da ONU é de que esse índice seja de 12m² por habitante”, revelou.

Sendo assim, em relação à essas atuais disparidades, o novo Plano propõe, de acordo com o vice-presidente do Secovi-SP, o desenvolvimento urbano harmônico, com múltiplas centralidades; eixos ambientalmente equilibrados e adaptados às mudanças climáticas, com conectividade, acessibilidade e inclusão. “O Plano propõe maiores estímulos ao adensamento populacional residencial ao longo de eixos de transporte, abrigando instalações de atividades inovadoras e dispositivos normativos para garantir funcionamento de grandes indústrias”, disse Claudio, que revelou que essa questão relacionada às indústrias foi um pedido do prefeito Orlando Morando.

De acordo com Claudio, serão criados critérios para Zonas de Amortecimento entre Zona Exclusivamente Residencial (ZER-1), como restrições ao uso residencial medidos do perímetro das ZER1 em faixa de 50m no seu entorno, mas que deixam de vigorar em caso de desativação da função industrial, além de incentivos para ZER sair de ZUD (Zona de Uso Diversificado), em uma operação casada. “Minimizamos os conflitos entre residências e industrias com operações casadas, com faixas de distanciamento de 50m no entorno”, disse.

Em relação à ZER (Zona Empresarial Restritiva), também haveria faixa de 50m medidos a partir do perímetro da ZER1, o que inclui, em sua tonalidade, os lotes atravessados, parcialmente por essa faixa.

Nas áreas de Corredores, segundo Cláudio, os lotes contidos integralmente em faixa máxima de 300 m do eixo do leito carroçável das vias. Nas áreas de futuras estações do metrô, os lotes seriam integralmente contidos em raio máximo de 500m, a partir do centroide das futuras instalações e 300m para o BRT.

APROVAÇÃO NA CÂMARA

O vereador Rafael Demarchi, que esteve presente no evento falou sobre a expectativa e prazo para aprovação do novo Plano Diretor.

“O Plano é importante para a cidade. São Bernardo está travada na área de construção de desenvolvimento, desde o último Plano Diretor. A aprovação será muito importante. Não vejo dificuldade. Se o prefeito colocar até junho, aprovamos isso com rapidez, de uma semana há quinze dias, mas por ser um ano eleitoral, por ter uma Câmara totalmente dividida em quatro grupos políticos, pode ser que isso fique para aprovar, após a eleição”, revelou.

Claudio destacou a importância da aprovação: “O Plano não vai fazer mudanças imediatas, mas ele vai ter uma repercussão violenta no futuro da cidade. Aprovar isso não traz peso político negativo nenhum, só positivo”, garantiu.

ÁREAS VERDES

O vice-presidente do Secovi-SP, Claudio Bernardes, revelou à Folha, sobre como aumentar o índice de área verde para São Bernardo. “A cidade tem uma proposta de desenvolvimento e crescimento. Se a cidade tem que crescer, ela vai crescer em algum lugar. Para onde a cidade cresce? O Plano Diretor propõe o seguinte: se a cidade for crescer, o melhor lugar para ela crescer é ao longo dos eixos de transporte e não nas áreas de mananciais, só que essa área já está com pouca área verde. Então, o que fazemos, ou desapropriamos terrenos para criar parques, ou o município dá incentivos para as empresas fazerem parque privados, serão terrenos menores que funcionarão com “pulmões” que podem ser espalhados na cidade”, explica.

Claudio diz que isso já foi criado em Nova York (EUA). “Em Manhattan, que é um mar de prédios, com pouca área verde, hoje, há 380 áreas dessas espalhadas pelos empreendimentos. Isso vai aumentar o índice de área verde para a cidade e sem custo para o município”, ressalta.