O presidente da ACISBEC (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo do Campo) reuniu, na segunda (29), personalidades do município para o “Encontro com pessoas que contribuíram com a história e desenvolvimento do comércio e indústria de São Bernardo”.
O evento, realizado em parceria com a AME (Associação dos Amigos da Memória de São Bernardo), faz parte da celebração de 80 anos da entidade, que acontecerá em setembro próximo.
Na ocasião, sete moradores de São Bernardo realizaram depoimentos sobre a relação de suas trajetórias profissionais com o desenvolvimento econômico da cidade, seja no comércio ou nas indústrias locais. “São depoimentos de pessoas que construíram a nossa cidade”, explicou Valter. São eles: Natal Vertamatti, 100 anos, que além de trabalhar em fábrica de móveis e no comércio, foi vereador e presidente da Câmara por 4 anos na administração do prefeito Aldino Pinotti e vereador por 5 anos na administração de Hygino de Lima; Balbina Gregória de Jesus Silva, 85 anos, filha do maestro João Gomes, autor da música do Hino de São Bernardo; Evani Belletato de Moraes, 83 anos, proprietária da Pizzaria do Gino.
Também participaram Giordano Zanon, 85 anos, nascido na Itália, trabalhou com móveis e estofaria; Leonilda Montibeller Zoboli, 96 anos, cuja família teve fábrica de móveis e loja de presentes; Neuza Maria Zanutto de Melo, 68 anos, da família proprietária do tradicional restaurante São Manoel, que funcionava na rua Marechal Deodoro e Renato Rusig, 81 anos, que trabalhou em indústrias químicas da cidade. O diretor da Acisbec, Luiz Carlos Henrique, também contribuiu com o depoimento sobre o comércio no setor farmacêutico.
“Queremos tentar não deixar a nossa memória, a memória da cidade acabar. Tem os órgãos oficiais que cuidam disso, mas por nós mesmo frequentarmos o Centro de Memória, vimos que se não cuidássemos, muita coisa podia ser perdida, porque muita coisa tem sido perdida por falta de condições”, afirmou a presidente da AME, Hilda Breda, que esteve acompanhada dos integrantes do grupo.
Valter destacou que a iniciativa enriquece o projeto da entidade e deixa um legado para as futuras gerações: “É emocionante ouvir esses personagens, contemporâneos ao meu pai, Valter Moura (in memoriam), que participou ativamente da Associação e dedicou boa parte da sua vida, mais de 30 anos às causas do empreendedorismo e em defesa da livre iniciativa”.
Os depoimentos foram gravados e farão parte do acervo da entidade. Outras comemorações alusivas aos 80 anos ocorrerão ao longo do ano.
“Nestes 80 anos, teremos uma sessão solene dedicada os 80 anos da Associação, também uma medalha que nós agraciamos empreendedores da nossa cidade, chamada Valter Moura, em homenagem a meu pai e também iremos homenagear todos os integrantes da AME e dessas pessoas que fazem parte da nossa cidade”, antecipou o presidente da ACISBEC.
Confira alguns trechos dos depoimentos:
“Tudo começou quando eu estava no segundo ano do primário e a minha professora me escolheu para dar um depoimento, eu ainda criança. Com a minha aptidão me envolvi em projetos, movimento emancipacionista, fiz parte da política, trabalhei em loja, em tecelagem e tive negócio na cidade”
Natal Vertamatti, trabalhou em fábrica de móveis, e foi vereador e presidente da Câmara Municipal por quatro anos na administração do prefeito Aldino Pinotti e vereador por cinco anos na administração de Hygino de Lima
“A Pizzaria Gino nasceu há 48 anos onde era uma mercearia, que foi comprada pelo meu pai, Gino Belletato. O negócio foi tocado pela família toda, se tornou um ponto de encontro, um local frequentado por famílias e por clientes que vêm conhecer o lugar. Temos uma história muito grande em São Bernardo do Campo”
Evani Belletato de Moraes, proprietária da Pizzaria Gino
“Meu marido Atílio Zoboli teve o primeiro diploma de ensino superior na cidade. Eu fui da Tecelagem Ítalo Setti, que tinha como principal produção pano de gravata e tecido para guarda-chuva. Também trabalhei em loja de móveis na parte de decoração e tive loja de presentes. Me lembro da época que não tinha asfaltamento, vínhamos à missa e deixávamos o calçado na entrada da igreja de tanto barro grudado na sola”
Leonilda Montibeller Zoboli, cuja família teve fábrica de móveis e loja de presentes
“Comecei a trabalhar aos 14 anos de idade na Indústria de Móveis Pelosini, que ficava na Marechal (Rua Marechal Deodoro), próximo ao Paço Municipal. Atuei em tecelagem, o Cotonifício São Bernardo e só mais tarde consegui emprego na Prefeitura Municipal”
Balbina Gregória de Jesus Silva, filha do maestro João Gomes, autor da música do Hino de São Bernardo
“Vim de Pratânia, naquela época era subdistrito de São Manoel, no interior, em 1956. Meu pai e meus tios eram donos do Restaurante São Manoel, que contribuiu com a economia são-bernardense, desde aquela época, e só veio a fechar as atividades em 2020. Começamos como bar, depois fomos a restaurante, São Bernardo só crescia, recebia gente de todo lugar”
Neuza Maria Zanutto de Melo, cuja família foi proprietária do tradicional restaurante São Manoel
“Aos 15 anos comecei a trabalhar em fábrica de móveis, a Indústria Pelosini e na Corazza, depois fui para a indústria, na Simca do Brasil, também fui diretor do Clube MESC e recebi a medalha João Ramalho, outorgada àqueles que se destacam em suas atividades”
Giordano Zanon, imigrante vindo de San Pier D’isonzo, na Itália
“Trabalhei em fábrica de móveis, na José Pelosini, em farmácia, na Brasmotor, na época da linha branca da fabricante Brastemp e no então banco Noroeste. Depois fui para a Indústria Termomecânica, onde fiquei por muitos anos”
Renato Rusig, formado em química e em administração