José Renato Nalini Opinião

Agro também é vítima

Ninguém está ileso diante das emergências climáticas. Embora as vítimas preferenciais sejam os pobres, os desvalidos, os excluídos, os abonados também serão atingidos pela rebelião da natureza.

   O aquecimento global e os períodos de eventos extremos que se tornaram comuns nos últimos anos, afetam toda a produção da lavoura. A fase de ufanismo porque o agronegócio é “a salvação da lavoura” já passou. Agora, depois de desmatamento e de seca, as pastagens não produzem capim suficiente para alimentar o gado. O resultado é ser enviado mais cedo aos abatedouros e redução dos rebanhos. Isso eleva os preços da proteína a níveis recordes.

   A marcha ascendente dos preços ilustra o fenômeno da inflação climática, a indicar que secas, ondas de calor, inundações e incêndios florestais elevam os preços de tudo. Desde seguros residenciais até alimentos.

   A seca tem recrudescido. O regime de chuvas é irregular. Em vez daquela queda suave de água essencial a permitir o desenvolvimento da lavoura e a suprir os lençóis freáticos, vem a hecatombe de precipitação pluviométrica de todo um mês, em algumas horas de um determinado dia. Em seguida, ondas de calor terrível.

   O impacto alongo prazo é redução drástica da capacidade de produzir, e a preocupação é global. Cada vez mais partes do mundo vão se tornar impróprias ao cultivo. E o que é que as pessoas comerão quando ficarem sem alimentos provindos da lavoura?

   O remédio, aqui no Brasil, é levar a sério a urgência de regeneração das pastagens abandonadas, que se convertem nos indesejáveis desertos. Há milhões de hectares disponíveis e vive-se no solo abençoado em que “em se plantando, tudo dá”. Oportunidade para recuperar espécies arbóreas ameaçadas de extinção. Todos têm a ganhar com o replantio. A saúde física e mental, a temperatura, o regime de chuvas, a fauna e a flora, a paisagem e o reequilíbrio da fragilidade dos lençóis freáticos.

   Agro: muito juízo! Você também será vítima do cataclismo climático!

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