Tudo está correndo perigo de desaparecimento: a atmosfera, o solo e, principalmente, a água. Essencial para a vida. Uma civilização centrada no petróleo esquece-se de que o corpo humano é água e depende de água.
O derretimento acelerado do gelo antártico produz tragédias. O impacto desastroso sobre o clima global, a cadeia alimentar marinha e a sobrevivência da humanidade já se fazem sentir.
Todavia, qual gigantesca balada histérica, a sociedade mundial não se emociona e não toma qualquer atitude. No mundo micro, continuam as lavagens de passeios e calçadas, com a vassoura hidráulica a esbanjar água tratada. No mundo macro, países que têm vastas áreas cobertas de gelo se vangloriam de que vão poder produzir agricultura tropical.
Enquanto isso, o gelo desaparece com rapidez. Paradoxalmente, a Europa vai sofrer um esfriamento ártico, à proporção que se reduz o transporte de calor. A circulação da água profunda na Antártida vai se enfraquecer com o dobro da rapidez do declínio no Atlântico Norte.
A elevação do nível do mar sacrificará nações insulares existentes há milênios. Acabarão inúmeras espécies e os corais de recife só poderão ser conhecidos por filmes e fotografias. Os oceanos não terão condições de absorver todo o gás carbônico emitido. O insensato humano desequilibrou as leis naturais e pretende revogar leis eternas.
Aqui entre nós, os aquíferos continuam a ser poluídos. Os rios se transformaram em coletores de esgoto e de toda a imundície produzida pelo chamado “animal racional”. Irônica a intenção de investir “rios de dinheiro” para salvar “rios de verdade”. Quando bastaria ter deixado a solução já oferecida espontânea e gratuitamente pela natureza: rios serpenteando várzeas, leitos piscosos de águas límpidas, que o homem quis “corrigir”. E como o fez? Retificando o leito, criando um canal artificial em lugar do espaço aprazível de origem, preferindo entregar a cidade ao carro, o veículo mais egoísta e mais poluente sobre a face da Terra.
Quando faltar água para beber, pois a que restar estará inservível para consumo humano, qual a resposta que as atuais gerações oferecerão às vítimas da nossa ignorância e da nossa insensibilidade?