Opinião Renato Anghinah

Alice no pais das maravilhas

A maioria das pessoas conhecem a estória da personagem de Lewis Carol, que ao perseguir um coelho, “sempre atrasado”, perdeu-se em um território imaginário cuja entrada ficava em um buraco de uma árvore oca.
Em suas aventuras, Alice passa por situações das mais estranhas, como a distorção de imagens, vê-se ora pequena, ora gigante entre outras peripécias durante a sua aventura.
Estas sensações tão diferentes porém, não são exclusividades da história mágica da pequena menina, muitas pessoas podem ter sensações, por alterações da percepção cerebral, semelhantes àquelas vividas por Alice. Com base neste livro clássico, em 1955 foi descrita uma síndrome neurológica chamada de “Alice no Pais das Maravilhas”.
Trata-se de uma alteração na percepção cerebral relacionada a distorções de imagem, de tempo e da sua percepção corporal. Algumas pessoas tem a sensação do corpo ser maior ou menor  do que ele realmente é. Geralmente são episódios de curta duração, que podem ou não se repetir no decorrer do tempo.
Quando foi descrita em 1955, o conhecimento científico da época, não conseguia entender e explicar o que ocorria no cérebro.
Com a evolução do conhecimento, hoje ficaram mais claras as possíveis causas deste distúrbio.
Atualmente existem oito condições ou patologias que acometem o cérebro que poderiam levar a tais sintomas, sendo as três mais comuns a epilepsia, a migraria, conhecida também como enxaqueca e o uso de drogas.
Nas enxaquecas, não é raro ouvirmos dos pacientes que antecedendo, ou durante  as crises  reclamam de distúrbios visais, distorções de imagem e outras queixas. Em pacientes com epilepsia parcial complexa ( sem as conhecidas convulsões), muitos relatam sensações de alteração da percepção da forma e tamanho do próprio corpo ou de objetos que o rodeiam.
O uso de varias drogas ilícitas como cocaína e LSD, podem levar a percepções corpóreas como as descritas no livro de Lewis Carol.
Acredita-se que muitos dos relatos encontrados no livro Alice no Pais das Maravilhas, foram vivenciados pelo próprio autor, que sofria de enxaquecas e em seu diário descrevia fenômenos como estes acima durante as suas crises. Há também especulações, não comprovaras, que o mesmo também teria experimentado um cogumelo alucinógeno (Amanita muscaria). Uma última curiosidade, Lewis Carol era o pseudônimo do matemático Charles Lutwigge Dodgson, que viveu na Inglaterra entre 1832 e 1898.