Luiz José M. Salata Opinião

Antonio Delfim Netto – 1/5/1928 – 12/8/2024

Nasceu no bairro do Cambuci, em São Paulo – Capital, filho de descendentes de imigrantes italianos, José e Maria Delfim, estudou no Liceu Siqueira Campos, no Cambuci. Em 1948, ingressou na Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas (FCEA), da Universidade de São Paulo (USP), na terceira turma. O seu primeiro emprego foi como Auxiliar de Escritório na Indústria Gessy Lever do Brasil. Na vida universitária participou ativamente da política estudantil, quando se elegeu Presidente do Centro Acadêmico Visconde de Cairu (CAVC). Nessa época universitária, trabalhou na área do Departamento Estadual de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo. Após a formatura como Professor e Economista foi contratado como Assistente do Professor Luiz de Freitas Bueno, este de largo conhecimento lhe passou brilhantes ideias, passando a exercer o ensino e diversas assessorias. No tempo, obteve o Título de Doutor com a tese sobre o Café no Brasil.

  Em 1958, tornou-se Professor Catedrático da Universidade de São Paulo, ministrando aulas até se aposentar. No ano de 1959, participou da equipe de planejamento do Professor Carlos Alberto de Carvalho Pinto, Governador Paulista, quando também assumiu o Conselho de Planejamento (Consplan), órgão de assessoria à política econômica e do Conselho Nacional de Economia do governo federal da época. A partir de 1962, após graduado na matéria de Economia, passa a exercer a função de professor nessa faculdade, tornando-se Livre-Docente com a tese “O problema do café no Brasil”, cuja obra tornou-se um clássico da literatura econômica brasileira. No ano de 1963, recebeu o título de Professor Catedrático de Teoria do Desenvolvimento Econômico, com a apresentação do estudo “Alguns problemas do planejamento para o desenvolvimento econômico”.  Promoveu ainda, além do cargo de professor da faculdade, o desenvolvimento de vários trabalhos junto à administração pública estadual e federal e, durante mais de dois anos liderou os famosos seminários de teoria econômica e economia brasileira na faculdade, considerada pelos alunos como uma verdadeira pós-graduação para vários ex-alunos e professores.

Desses ex-alunos alguns constituíram sua equipe nos vários cargos, os quais viria a assumir na vida pública. Dita projeção acadêmica e profissional justificou a base pela qual, no ano de 1966, deu início a um novo tempo de sua vida, pois galgou um dos mais importantes postos na administração pública, pois foi nomeado secretário da Fazenda do Estado de São Paulo. Seguidamente, em 1967, assumiu a função de Ministro da Fazenda, dirigindo a economia brasileira entre 1967 e 1974, tendo a Caixa Econômica Federal e a Casa da Moeda passado a se empresas públicas, também criado o Conselho Interministerial de Preços, com profunda introdução em toda a sistemática de acompanhamento da evolução dos preços e custos industriais. Criou também o Banco Multinacional Brasileiro liderado pelo Banco do Brasil e do European Brazilian Bank, com sede em Londres. Foi agraciado em 12 de julho de 1972, com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo de Portugal.

Tal período ficou conhecido como o do “Milagre Econômico”. Com a prestação de relevantes trabalhos no desenvolvimento econômico do país no Ministério da Fazenda, foi nomeado Embaixador do Brasil na França, permanecendo em Paris de 1975 a 1978. Ao cumprir ditas atividades diplomáticas, regressou ao país e assim assumiu o cargo de Ministro da Agricultura. No ano de 1979, assumiu o cargo de Ministro do Planejamento, ali permanecendo até 1983. Em seguida, foi nomeado Professor Catedrático de Análise Macroeconômica na Universidade de São Paulo (USP), o que culminou com a sua indicação para ser homenageado como Professor Emérito, tendo em vista toda a sua iniciativa acadêmica e experiência profissional nessa área. Em 1987, ingressando na política, se elegeu Deputado Federal, como Deputado Constituinte e em mais um mandato. Ao mesmo tempo, passou a coordenar uma série de seminários no Departamento de Economia da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo (USP), abordando tanto o desenvolvimento da economia brasileira quanto do desenvolvimento da teoria econômica.  Além disso, na constante presença nos debates e nas entrevistas na mídia, com a influência na tomada de decisões e o rumo da política e da economia brasileira. No ano de 2009,  seu nome foi inscrito na Sala Delfim Netto, na mesma faculdade. Praticou a doação de 250 mil livros para a biblioteca da USP, que passou a se chamar Delfim Netto. Deixou o aprendizado: “Hoje nós sabemos para onde queremos ir e aprendemos que só existe um mecanismo para administrar esse país e levá-lo ao progresso, que é o fortalecimento do processo democrático”.

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