Opinião

Arm processa Qualcomm por quebra de contrato

O grupo de design de chips Arm, com sede no Reino Unido, processou um de seus clientes mais importantes, a Qualcomm, acusando a empresa de quebra de contrato e violação de marca registrada por sua tentativa de criar novos designs de chip que efetivamente a colocam em concorrência direta com a própria Arm.
O processo, aberto no tribunal distrital federal de Delaware, se concentra nos direitos da Qualcomm de usar designs de chips adquiridos após a compra da startup de chips Nuvia no ano passado.
A compra de US$ 1,4 bilhão da startup de dois anos, fundada por ex-funcionários da Apple e do Google, foi vista como um passo crítico nas tentativas da Qualcomm de projetar processadores de computador mais eficientes, ou CPUs, complementando seus principais pontos fortes em comunicações móveis.
Além de melhorar o desempenho de seus chips de smartphones, a Qualcomm espera usar a aquisição como uma forma de entrar no mercado de data centers, vendendo seus próprios processadores de servidor em concorrência com empresas de chips como Intel e Nvidia, além de gigantes da tecnologia como Amazon que também projetam seus próprios chips.
O processo, que busca indenizações não especificadas, também pode complicar uma importante parceria estratégica para a Qualcomm. Cristiano Amon, executivo-chefe da fabricante de chips móveis, disse no início deste ano que sua empresa queria comprar uma participação na Arm e criar um consórcio para adquiri-la, a fim de garantir que sua tecnologia permaneça amplamente disponível. A Qualcomm foi relatada como uma das empresas que se opuseram às tentativas da Nvidia de comprar a Arm do proprietário japonês SoftBank. O acordo foi cancelado no início deste ano depois que os reguladores se opuseram.
De acordo com o processo, os designs da Nuvia foram desenvolvidos sob uma licença de arquitetura Arm, que permite que outras empresas desenvolvam designs básicos de chips baseados na tecnologia Arm. A Arm disse que a Qualcomm falhou em um esforço semelhante para projetar CPUs sob uma licença de arquitetura, forçando-a a comprar designs de chips diretamente da Arm sob uma forma diferente de licença de tecnologia. Ao usar os designs da Nuvia sem a permissão da Arm, a Qualcomm estava efetivamente se salvando de ter que fazer compras de designs de chips diretamente da Arm, acrescentou o processo.
Amon disse no início deste ano que, se a Arm conseguisse no futuro criar designs melhores do que os da Nuvia, a Qualcomm poderia comprá-los da Arm. Esse comentário “confirmou o impacto negativo” que a tentativa da Qualcomm de usar os designs da Nuvia teria nos negócios da Arm, de acordo com o processo.
A Qualcomm disse em um comunicado que o processo “marca uma partida infeliz de seu relacionamento de longa data e bem-sucedido”.
“A Arm não tem o direito, contratual ou não, de tentar interferir nas inovações da Qualcomm ou da Nuvia. A reclamação da Arm ignora o fato de que a Qualcomm tem direitos de licença amplos e bem estabelecidos cobrindo suas CPUs personalizadas, e estamos confiantes de que esses direitos serão confirmados”, acrescentou.