
São Bernardo de antigamente, lá pelos idos anos de 1945, se restringia a uma rua principal – a Rua Marechal Deodoro e algumas travessas que ligavam o centro aos bairros ainda em formação.
O comércio era bem modesto, com algumas vendinhas, alguns botecos, poucas lojas de armarinhos onde se compravam botões, linhas, elásticos, agulhas de costura, tecidos muito coloridos chamados chita. Vez ou outra era comum encontrar duas pessoas vestindo uma roupa com a mesma estampa, pois eram compradas na mesma loja.
Existiam alguns armazéns em que de tudo se vendia: alimentos, ferramentas, implementos agrícolas, materiais de limpeza, bebidas, botinas, tamancos, chapéus, etc.
Um senhor japonês, Shin-it Horita, residia em São Bernardo, em uma chácara nas imediações do atual Clube MESC, no bairro Assunção. Ele adquiriu as instalações de uma filial da rede de armazéns CIBUS, que encerrara as atividades na cidade. Montou seu armazém na Rua Marechal Deodoro, em frente à Praça Lauro Gomes. Com a participação da sua família revolucionou o comércio de secos e molhados, existentes naquela época, superando os outros concorrentes da época.
Diferente dos dias atuais, quase tudo era vendido a granel, colocado em sacos de papel e pesado na hora. Apenas o açúcar, da marca Pérola vinha embalado numa embalagem de 5 kg, assim como o sal Rodolfo Valentino, que vinha num saquinho de tecido, que depois de esvaziado, ainda era aproveitado como pano para limpeza.
O sabão era vendido em barras, pois ainda não existia o sabão em pó (o primeiro sabão em pó, da marca Rinso, só surgiu em 1953). O óleo era de amendoim, retirado de um tambor através de uma bomba e colocado dentro de garrafas de vidro, porque ainda não existia a embalagem individual.
Uma forma de venda implantada, era aquela por telefone, onde as pessoas ligavam para o armazém e a filha do Sr. Shin-it, Carmen Horita, anotava os pedidos e, nos intervalos entre uma ligação e outra, ia cantando para os empregados irem separando os produtos, para no fim da tarde as mercadorias chegarem às casas dos compradores. Separados os pedidos, em caixas identificadas com os nomes dos clientes, estas eram colocadas na carroceria de um caminhão e entregues nas casas dos fregueses. A forma de pagamento era a vista ou mensal -com anotações em cadernetas – quando os fregueses recebiam o pagamento.
Roberto Tanaami – integrante da AME (Associação dos Amigos da Memória de São Bernardo).
















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