O presidente Jair Bolsonaro não se sente confortável dentro do PSL (Partido Social Liberal) e vem ameaçando deixá-lo, o que não é fácil. Se pudesse ele formaria um novo partido, só para ele e seus seguidores mais fanáticos, ou seja, mais tendentes a tomar decididamente e, de público, os rumos da extrema direita. Isso não está fácil dentro de nosso regime atual, a começar pela formação de um outro partido (mais um!), com todas as dificuldades exigidas pela legislação democrática vigente. Impossível, não é, pois por aqui, todas as garantias da lei podem ser invocadas e não faltarão adeptos de um regime forte (uma ditadura!) para atender aos requisitos da lei partidária. Até porque ela poderia ser modificada sob medida a fim de possibilitar a eliminação de possíveis e naturais obstáculos a dificultarem os objetivos de seus naturais partidários, expressos em seu estatuto. A tentativa de Bolsonaro de deixar o PSL tem-se revelado difícil em face de sua intenção (que não é segredo) de ter ao seu dispor uma legenda partidária fiel ao seu propósito extremado, a ditadura.
De qualquer modo, só a sua intenção tornada pública, de deixar a legenda partidária pela qual se elegeu presidente é um fato preocupante, pois ainda nem esquentou a cadeira da legenda e já pensa em deixá-la. Entre os obstáculos que se lhe opõem para o troca-a-troca está um que falaria mais alto ao seu bolso: o fundo partidário, uma fonte de sustentação, sem a qual nenhuma legenda subsistiria.
Não será tão fácil ao presidente Bolsonaro criar uma nova legenda partidária que lhe seja absolutamente fiel à sua intenção ditatorial. Se conseguir, é bom desde já darmos adeus à democracia tão duramente reconquistada após longo período de s duração da ditadura militar e hoje garantida pela vigente Constituição de 1988, a “Constituição Cidadã” no feliz dizer do nosso saudoso Ulysses Guimarães, presidente da Assembleia Nacional Constituinte de 1988, que nessa condição proclamou sua aprovação dando inicio à sua validação e atual vigência.