Política

Brasil assume presidência temporária do Mercosul

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu do presidente Alberto Fernández, da Argentina, a presidência temporária do Mercosul, na terça (4), durante a 62ª Cúpula de Chefes de estado do bloco sul-americano em Puerto Iguazu. Em seu discurso, Lula defendeu a união entre os países vizinhos como forma de enfrentar os desafios contemporâneos.

Nenhum país resolverá seus problemas sozinho, nem pode permanecer alheio aos grandes dilemas da humanidade. Não temos alternativa que não seja a união. Frente à crise climática, é preciso atuar coordenadamente na proteção de nossos biomas e na transição ecológica justa. Em um mundo cada vez mais pautado pela competição geopolítica, nossa opção regional deve ser a cooperação e a solidariedade”

“O mundo está cada vez mais complexo e desafiador. Nenhum país resolverá seus problemas sozinho, nem pode permanecer alheio aos grandes dilemas da humanidade. Não temos alternativa que não seja a união. Frente à crise climática, é preciso atuar coordenadamente na proteção de nossos biomas e na transição ecológica justa”, exemplificou o presidente. “Em um mundo cada vez mais pautado pela competição geopolítica, nossa opção regional deve ser a cooperação e a solidariedade.”

Lula voltou a ressaltar o diálogo e a paz como caminho para a resolução de conflitos, a necessidade de combater a cultura de ódio no continente e a prioridade em preservar a democracia. “Diante das guerras que trazem destruição, sofrimento e empobrecimento, cumpre falar da paz”, afirmou. “Face ao aumento do ódio, da intolerância e da mentira na política, é urgente renovar o compromisso histórico do Mercosul com o estado de direito. Como presidentes democraticamente eleitos, temos o desafio de enfrentar todos os que tentam se apropriar e perverter a democracia”.

UNIÃO EUROPEIA – Com relação ao possível acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, Lula voltou a frisar que o tratado será uma das prioridades do Brasil na presidência temporária do bloco, mas pontuou que o texto precisa de revisão, especialmente no que diz respeito às sugestões apresentadas pelos europeus no início deste ano.

“Estou comprometido com a conclusão do acordo com a União Europeia, que deve ser equilibrado e assegurar o espaço necessário para adoção de políticas públicas em prol da integração produtiva e da reindustrialização. O Instrumento Adicional apresentado pela União Europeia em março é inaceitável. Parceiros estratégicos não negociam com base em desconfiança e ameaça de sanções”, afirmou.

Para o presidente, é imperativo que o Mercosul apresente uma resposta rápida e contundente. “É inadmissível abrir mão do poder de compra do Estado – um dos poucos instrumentos de política industrial que nos resta. Não temos interesse em acordos que nos condenem ao eterno papel de exportadores de matérias-primas, minérios e petróleo”, ressaltou.

COMÉRCIO – Para Lula, o comércio entre integrantes do Mercosul, que em 2022 somou US$ 46 bilhões, tem grande margem para melhora, especialmente por ser composto por produtos de valor agregado. Ele citou que, em 2011, o total chegou a US$ 52 bilhões. A adoção de uma moeda de referência para o comércio regional – sem eliminar as moedas nacionais – ajudaria a ampliar o volume. O presidente também afirmou que quer ampliar e aprimorar acordos comerciais já existentes com outros países sul-americanos, como Chile, Colômbia, Equador e Peru.

Lula afirmou também que deseja avançar nos acordos que estão sendo negociados pelo Mercosul com Canadá, Coreia do Sul e Singapura. E deseja explorar novas frentes de negociação com China, Indonésia, Vietnã e países da América Central e Caribe. Isso, segundo ele, é essencial para derrubar barreiras ao comércio internacional, como o protecionismo.

“Só a unidade do Mercosul, da América do Sul e da América Latina e do Caribe nos permitirá retomar o crescimento, combater as desigualdades, promover a inclusão, aprofundar a democracia e garantir nossos interesses em um mundo em transformação”.