Opinião

Brinquedos e brincadeiras de crianças

Como médico pediatra e hebiatra, percebo que hoje a criança não sabe brincar. Para ela, hoje o mais importante é a compra do brinquedo, pois estamos em um mundo em que o consumo é “a glória” e os pais e avós que desejam agradá-los, satisfazem suas vontades comprando o objeto, para ver seus filhos e netos felizes.
Entretanto, todos sabem que as crianças – aquelas que são mimadas ao extremo –, quando ganham mais um brinquedo, na hora ficam satisfeitas mas trata-se de um consumo momentâneo, que logo é deixado de lado.
A que já tem muitos brinquedos, no momento em que recebe mais um, e justo aquele que estava desejando, abre o presente e é uma felicidade e quanto dura? Vou dizer: um instante e já está curioso com outro assunto.
Ora, estamos em um mundo diferenciado de nosso tempo. As crianças antigamente ficavam em casa, faziam suas lições e iam brincar no quintal. Ai que saudades – até da palavra quintal – não é mesmo? Hoje o mundo também mudou, necessita-se estudar idiomas tais como inglês, francês, e até mandarim, preparando-as para o futuro.
Por quê a criança atual não gosta de brincadeira? Ora, ora, ela não brinca mais, pois são outros tempos para ela também.
Hoje, com a informática, esses avanços na tecnologia, fez com que as brincadeiras antigas também fossem esquecidas.
Reconheçamos: Sem tempo livre para lazer, não fazendo nada e com o direcionamento dos adultos, as crianças nunca aprenderão a brincar. Será que é esta vida que desejamos para os pequenos? Óbvio que não. Mas são outros tempos mesmo.
Os pais e avós compram brinquedos, é uma alegria a abertura do presente, mas uma pena, pois todos sabem que logo se esquece daquilo que deu tanto trabalho prá comprar.
Convém citar também que até a criançada está com a saúde mental abalada, com indicação para fazer psicanálise, ou já fazendo ludoterapia.
Hoje com tantas mudanças no mundo, após a publicação dos principais textos que inauguraram a psicanálise, mais que nunca, os adultos responsáveis pelo ensino dos mais novos, usam as crianças para satisfazerem seus próprios desejos.
Posso dar o exemplo desse consumismo se o leitor observar com atenção, os pais e filhos nos shoppings das cidades, e seus filhos dedicando-se à compra dos objetos.
Cabe bem a pergunta: quem sente maior prazer com a compra? São as crianças ou os pais e avós? Lógico que são os adultos e observem a expressão de seus olhares ao adquirirem os brinquedos.

Israel Zekcer, vereador de Santo André, médico pediatra e alergista, deputado estadual de São Paulo por três gestões, Secretário de Esportes e Turismo do Estado de São Paulo.