
O transporte rodoviário de cargas no Brasil enfrenta um desafio importante: renovar sua força de trabalho. Dados recentes do ILOS (Instituto de Logística e Supply Chain) mostram que apenas 4,11% dos motoristas de caminhão em atividade no país têm até 30 anos, enquanto 11,05% já superaram os 70 anos de idade. Em dez anos, o número total de profissionais ativos caiu de 5,5 milhões para 4,4 milhões.
Apesar do cenário, lideranças do setor enxergam uma grande oportunidade para transformar essa realidade com ações concretas de incentivo à formação e contratação de novos profissionais.
Para o presidente do Sindicato Nacional dos Cegonheiros (Sinaceg), José Ronaldo Marques da Silva, o Boizinho, o momento é de virar a chave.
“A renovação da categoria é um passo necessário, e o caminho passa pela valorização do jovem profissional. Nós, como setor, temos que investir em formação, segurança e condições dignas de trabalho. Não adianta lamentar, precisamos agir. E temos ótimos exemplos de empresas que já estão abrindo espaço para quem quer começar na profissão”, afirma o presidente.
Com o encarecimento do caminhão próprio e o fim do modelo baseado na compra individual do veículo, o mercado se reorganiza. As empresas de transporte passaram a investir mais em frota própria e na profissionalização da mão de obra. Essa nova dinâmica, segundo o diretor regional do Sinaceg em São Paulo, Márcio Galdino, cria espaço para a entrada de jovens que antes ficavam à margem da profissão.
“É hora de trazer o jovem para perto. Se antes ele precisava comprar um caminhão para entrar na profissão, hoje pode começar treinando, dirigindo para empresas organizadas, com frota moderna e boas condições. O transporte mudou, e isso precisa ser visto como uma oportunidade para toda uma nova geração”, diz Galdino.
Iniciativas como parcerias com o Sistema S (SENAI, SEST/SENAT), programas de capacitação e campanhas de valorização da categoria são algumas das ferramentas defendidas pelo Sinaceg para atrair novos talentos. “Temos que mostrar que o transporte é, sim, um setor com futuro. E o futuro precisa ser construído desde já, com planejamento e inclusão”, conclui José Ronaldo.
Mesmo com as transformações tecnológicas e as discussões sobre caminhões autônomos, especialistas apontam que a falta de profissionais será um desafio mais urgente do que a automação no Brasil. Por isso, os cegonheiros seguem na liderança da pauta por renovação, inclusão e modernização do setor.
Foto: Divulgação
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