Cidades

Cegonheiros do ABC transportaram boa parte dos 1 milhão de veículos emplacados até junho

Márcio Galdino: diretor regional do Sinaceg

Mais do que transportar veículos pelo Brasil, os cegonheiros carregam sonhos. A profissão surgiu na década de 1960, com o início do transporte de automóveis no país, quando os primeiros caminhões “toco” (cegonhas) passaram a levar veículos de São Bernardo do Campo para diversas regiões. Em seguida, surgiram associações para representar os profissionais e, em 1996, foi criado o primeiro sindicato da categoria. Em 2017, a entidade passou a se chamar Sinaceg (Sindicato Nacional dos Cegonheiros), com o objetivo de ampliar a defesa dos direitos da categoria e lutar por melhorias na infraestrutura rodoviária do país.

Atualmente, o Sinaceg conta com 1,3 mil empresas associadas e uma frota de 3,7 mil cegonhas. Em 2024, foram fabricados cerca de 2,8 milhões de veículos no Brasil. O diretor regional do Sinaceg, Márcio Galdino, relembra que a indústria automotiva brasileira já alcançou a marca de 3,8 milhões de unidades produzidas por ano — boa parte delas transportadas pelos cegonheiros —, mas hoje há certa ociosidade no setor. “Temos capacidade para atender a volumes ainda maiores.

”Neste ano, até junho, cerca de 1 milhão de unidades foram fabricadas, o que representa um aumento de 8,2% em relação ao primeiro semestre de 2024. “O cenário é positivo em comparação ao ano passado, mas ainda está aquém da capacidade produtiva. O Sinaceg transportou grande parte desse volume”, comenta Galdino. Ele destaca que o atual cenário econômico do país, marcado por juros elevados, e a falta de mão de obra qualificada estão entre os principais desafios da categoria. “Há dificuldade em encontrar profissionais aptos no mercado, como ocorre também em outros setores. As pessoas precisam trabalhar, mas, muitas vezes, falta compromisso e empenho na qualificação. Acabam optando por carreiras mais acessíveis. A escassez de mão de obra é muito preocupante”.

Galdino comenta que, no passado, a profissão de cegonheiro era passada de pais para filhos, o que já não ocorre com tanta frequência. “Meu pai era carreteiro, transportava carros, e eu segui na mesma linha. Para nós, era maravilhoso ter nosso próprio caminhão e prosperar. Um dos nossos maiores prazeres era carregar os carros e levá-los pelos caminhos do Brasil. Transportávamos o sonho do brasileiro”. Segundo ele, hoje muitos jovens não demonstram o mesmo interesse, por conta dos perigos e das dificuldades da profissão. “A nova geração busca realização em carreiras ligadas à tecnologia — o que é positivo —, mas é importante lembrar que o transporte também é essencial para o desenvolvimento do país”.

Para enfrentar o desafio da escassez de profissionais, o Sinaceg estuda implantar uma escola de formação de cegonheiros, em parceria com empresas de logística. “Queremos oferecer uma qualificação à altura da categoria”, afirma.

Outro obstáculo enfrentado pelos profissionais está nas condições das rodovias. “Com exceção dos estados de São Paulo e Paraná — que considero referência —, em outras regiões os motoristas enfrentam dificuldades com pavimento irregular, sinalização deficiente, falta de pontos de apoio, risco de acidentes e roubos de carga. Saliento, no entanto, que há esforço e dedicação dos demais estados em melhorar suas estradas”, finaliza Galdino.

Poda de Árvores – Desde 2008, o Sinaceg mantém um dos maiores programas de poda de árvores do país.
Somente em 2024, as equipes do sindicato realizaram podas em 3.200 km de rodovias e 200 km de ruas e avenidas em diversas regiões do Brasil.
“A poda de árvores é uma missão que o Sinaceg assumiu há 17 anos para contribuir com a sociedade e evitar que os veículos sejam riscados ou danificados por galhos longos, já que as cegonhas são veículos altos”, explica o presidente do Sinaceg, José Ronaldo Marques da Silva, o Boizinho.
Atualmente, o sindicato investe cerca de R$ 2 milhões por ano na manutenção do programa.

Expo de Transportes – A tradicional Feira dos Cegonheiros chega à sua 25ª edição. Organizado pelo Sinaceg em parceria com a Conexão Eventos, o evento será realizado no Pavilhão Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, entre os dias 25 e 27 de setembro, e reunirá mais de 25 expositores.
A expectativa é de que mais de 85 mil pessoas visitem a feira. Na edição anterior, realizada em 2024, o evento recebeu 72 mil visitantes e movimentou aproximadamente R$ 480 milhões em negócios.

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