Turismo

Com investimento de R$100 milhões, CEO da Copastur diz que segue legado de vender sonhos

Edmar Mendoza: CEO da Copastur

O CEO da Copastur, empresa especializada em viagens corporativas, Edmar Mendoza, em entrevista exclusiva revela que a empresa segue o legado do seu pai, Edson Bull, que adquiriu a agência em 1982, o de impactar positivamente as pessoas. “Ele costumava dizer que não vendia passagens, vendia sonhos”, diz

O executivo conta que, atualmente, as empresas buscam um parceiro estratégico que ofereça um ecossistema de soluções integradas, que simplifique a complexidade e ajude a cuidar dos seus colaboradores. Também diz que o ano de 2025 representa a consolidação do maior ciclo de investimentos da empresa, no valor de R$ 100 milhões em tecnologia desde 2024.

Um dos destaques da Copastur é a Goya Travel, agência de viagens de luxo, integrante da biosfera de marcas da empresa, que acaba de completar cinco anos. Edmar ressalta que o foco da Goya é no atendimento personalizado para quem busca diferentes viagens com experiências ou demandas específicas para viagens de wellness, viagens multigerações de famílias, entre outras.

Ainda revelou alguns dos destinos mais procurados neste ano. São eles: Suíça, França e Itália, no exterior. Já em viagens nacionais, os destinos queridinhos do momento são o Pantanal e o Nordeste. Confira.

FOLHA DO ABC- A Copastur foi fundada em 1973. Como surgiu a ideia de fundá-la e qual era o cenário nacional?

Edmar Mendoza- A história da Copastur, para a nossa família, começa de verdade em 1982, quando meu pai, Edson Bull, adquiriu a agência. A empresa já existia desde 1973, mas foi a partir da visão dele que a nossa jornada realmente tomou forma. O cenário nacional era conturbado, vivíamos a efervescência das Diretas Já, um período de muita instabilidade política e econômica. Mesmo nesse ambiente desafiador meu pai viu uma oportunidade.

Ele começou em uma sala pequena na Galeria Metrópole, no Centro de São Paulo, movido por uma curiosidade imensa e pelo sonho de mudar o turismo no Brasil. Naquela época, sem internet e com tecnologia precária, o negócio era construído na base da confiança e da relação pessoal. Ele costumava dizer que não vendia passagens, vendia sonhos. Esse propósito de impactar positivamente as pessoas, que ele estabeleceu lá no início, é a base da nossa cultura e o legado que eu tenho o compromisso de honrar e expandir todos os dias.

FOLHA- Ao longo deste período, como evoluiu o setor das viagens corporativas do país?

Edmar- A evolução foi gigantesca. A gente saiu de uma operação baseada em telefone, telex e bilhetes de papel carbono para um ecossistema digital e inteligente. No início, o agente de viagens era o guardião do conhecimento, a única fonte de informação. Hoje, o nosso papel se transformou completamente.

Deixamos de ser meros executores de reservas para nos tornarmos parceiros estratégicos dos nossos clientes. A tecnologia foi o grande motor dessa mudança, na minha opinião. Ela permitiu automatizar o operacional para que a gente pudesse focar no que é mais complexo e valioso: a consultoria, a gestão de riscos (duty of care), a análise de dados para otimização de custos e, claro, o cuidado com a experiência do viajante.

Hoje, a gente já superou aquela função inicial de emitir um bilhete de viagem. Agora, a gente discute como uma política de viagens pode estar alinhada à estratégia ESG da empresa, como a tecnologia pode garantir a segurança do colaborador e como podemos usar a inteligência de dados para tomar decisões mais eficazes. A gente evoluiu de um serviço transacional para uma solução de gestão completa.

“Esse propósito de impactar positivamente as pessoas, que ele estabeleceu lá no início, é a base da nossa cultura e o legado”, diz Edmar (Fotos: Divulgação/Alê Virgílio)

FOLHA- Atualmente, o que as empresas mais buscam para as viagens corporativas? Haverá novos investimentos da empresa para os próximos meses?

Edmar- As empresas buscam três coisas principais: eficiência inteligente, cuidado com as pessoas e parceiros com propósito (ESG). Como falei anteriormente, as pessoas não querem apenas um fornecedor, querem um parceiro estratégico que ofereça um ecossistema de soluções integrada que simplifique a complexidade e ajude a cuidar do seu ativo mais importante: os colaboradores. A experiência do viajante se tornou um pilar central, assim como a capacidade de gerar relatórios e dados que comprovem o compromisso com a sustentabilidade.

Sobre os investimentos, a resposta é sim, e eles já estão em curso. O ano de 2025 representa a consolidação do nosso maior ciclo de investimentos, no valor de R$ 100 milhões em tecnologia desde 2024. Esse investimento já se materializou em soluções que nossos clientes utilizam diariamente, como o nosso SuperApp C+, que tem 100% de adoção na nossa base, e a nossa assistente de IA proprietária, que oferece um atendimento personalizado 24/7.

Nosso foco para os próximos meses é continuar aprimorando esse ecossistema com novas funcionalidades, como o C+Reservas, e a automação completa do nosso backoffice. O investimento é contínuo porque a nossa visão é clara: usar a tecnologia para potencializar a experiência humana e nos consolidar como a principal plataforma de soluções para a jornada corporativa na América Latina.

FOLHA- A Goya Travel chega aos cinco anos no mercado do turismo de alto padrão. Ao longo desse período houve mudança nos destinos ou experiências mais procuradas pelos clientes? Atualmente, quais têm maiores procura?

Edmar- Nós identificamos, sim, mudanças de hábitos dos nossos passageiros. Os destinos considerados clássicos estão dando lugar a destinos de experiências. Nesse sentido, as pessoas estão buscando experiências inusitadas pelo mundo e a gente vem acompanhando isso, com demandas específicas para viagens de wellness, viagens multigerações de famílias. Atualmente, o que se busca realmente são experiências, e boa parte delas na Europa, além de viagens fora de um momento padrão. Antes, se viajava para a Europa só em julho e agosto. Agora, a procura se estende até novembro, dezembro. Muitos viajam nessa época para esquiar e ficam por lá até janeiro/ fevereiro, algo que o brasileiro, em geral, não tinha muito interesse. Essas são algumas das mudanças que aconteceram nesses cinco anos.

FOLHA- A agência não oferece pacotes prontos, elabora cada viagem a partir do perfil e dos desejos dos clientes. Quais são as principais escolhas dos viajantes?

Edmar- Exatamente. Não temos pacotes prontos. Propomos várias opções em diversos países pelo mundo todo a partir das indicações de uma equipe especializada em oferecer atendimento personalizado para quem busca diferentes viagens com experiências.

Assim, cada viagem da Goya Travel é única, depende do momento daquele cliente e esse mesmo cliente faz diversas viagens com perfis diferentes. Fazer uma viagem com perfil romântico quando vai com a esposa celebrar um aniversário de casamento. Em outro momento, faz uma viagem com uma pegada mais de experiência, de aventura em companhia dos filhos. E, nesse caso, os adolescentes têm um perfil diverso dos filhos adultos. Quando é uma viagem multigerações o roteiro contempla uma programação que se adapta e se completa, contemplando as diferentes necessidades das idades dos participantes.

Por isso a necessidade da conversa e da expertise de um profissional que saiba realmente captar o perfil desses passageiros, suas necessidades, seus anseios e seus sonhos para que todos possam ter uma viagem de acordo com o que esperam para que não exista uma frustração. Sabemos que, no turismo, a gente não pode errar. Uma vez fora do país, tudo tem de fluir à perfeição para o passageiro. E nós nos destacamos no mercado justamente por ter esse olhar criterioso com relação aos nossos clientes.

FOLHA- Como é composto o atual portfólio da Goya e quais destinos ou experiências nacionais ou internacionais são tendências e serão lançados nos próximos meses?

Edmar- Nosso portfólio é muito amplo. E, entre as tendências que temos identificado, há grande procura por destinos de neve na Suíça, França e Itália. As vinícolas italianas da Toscana também têm se destacado, assim como, no período de verão europeu, toda a Riviera e lugares incríveis como Marbella, Málaga, Ibiza e Maiorca, que bombaram bastante. Também temos experiências personalizadas em países da América do Sul e, no caso do Brasil, no Pantanal e em todo o Nordeste. Essas, aliás, têm se mostrado as queridinhas do momento.

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