Negócios

Construção civil aposta em qualificação e tecnologia para mitigar falta de mão de obra

Gustavo Trombeli: diretor de engenharia da Plano&Plano

   A construção civil tem buscado alternativas para suprir a falta de mão de obra. A recente pesquisa “Termômetro Falconi da Construção Civil” feita pela Falconi, mostra o cenário desafiador do setor. Seis em cada dez executivos do segmento consideram que há uma estagnação na área, que deve se manter nos próximos meses, onde falta de mão de obra é citada como um dos maiores desafios por 71% dos executivos do setor.

   Para amenizar, gestores têm apostado no uso de tecnologia, qualificação das equipes e industrialização, como forma de otimizar a mão de obra. “Estamos buscando sistemas mais industrializados, que necessitam menos mão de obra no canteiro, como por exemplo lajes pré-fabricadas, vedações em dry-wall”, comenta o CEO da Jacy Construtora, Marcus Santaguita.

   Na MBigucci, a pintura que era feira somente como rolo, passou a ser feita por airless, com pulverizador. A empresa também passou a usar lixadeiras elétricas, que agilizam o serviço e diminuem o número de colaboradores necessários. “Na elétrica e hidráulica, temos optado por kits prontos só para encaixar, antiga-mente tudo era montado na obra”, destaca o diretor técnico, Milton Bigucci Júnior. O executivo ressalta que a MBigucci também tem investido em treinamentos, qualificação, onde mesmo os colaboradores que já têm experiência, passam por treinamentos.

   Na Plano & Plano, com mais 4 mil colaboradores, 65 canteiros de obras e mais de 40 mil unidades em construção, foram criadas empreiteiras próprias, com funcionários próprios da empresa. A construtora ainda possui a ‘Escola de Engenharia’, para capacitar a equipe de engenharia. “Em média, 95% da equipe de engenharia da Plano & Plano passou pela escola. Pessoas que começaram como estagiários e hoje são gerentes de obra”, comenta o diretor de engenharia da Plano & Plano, Gustavo Trombeli. O executivo também ressalta as relações de valor com os colaboradores. “Em nossa trajetória de 28 anos, sempre buscamos criar relações de valor com nossos parceiros e fornecedores e, a maioria já atua há muitos anos com a companhia. Essas relações que criamos permitem transformar a vida de milhares de pessoas por meio de nossos empreendimentos”, afirma Trombeli.

   O estudo da Falconi trouxe ainda outro contraste relevante: o avanço de tecnologias baseadas em inteligência artificial (IA). O uso de ferramentas de IA nos negócios mais que dobrou, passando de 15% em 2023, para 38% em 2025.

   A MBigucci utiliza softwares de gerenciamento com agente de IA para algumas tarefas. A Plano & Plano tem investido de forma significativa na inovação dos processos, sistemas construtivos e das soluções de TI, e usa as metodologias Building Information Modeling (BIM), com o desenvolvimento de projetos em 3D, e Lean Construction, além de mecanismos de Automação Robótica de Processos.

   Além da falta de mão de obra, as altas taxas de juros, custo de materiais e serviços e a demanda do mercado são outros obstáculos enfrentados pelo setor. “A alta taxa de juros (Se-lic) mantida a 15% ao ano é preocupante, pois influencia na decisão de compra do consumidor. Entretanto, o principal desafio é a falta de mão de obra qualificada, bem como a falta de atratividade do setor para novos colaboradores, pois geram uma reação em cadeia nos prazos e custos das obras”, analisa Bigucci Júnior.

   No curto prazo, os caminhos apontados pelos gestores que participaram do estudo da Falconi para superar os desafios são investimentos para melhorar a gestão de custos da obra (74%), treinamento e qualificação da mão de obra (57%) e fortalecimento de marca (43%). Na pesquisa de 2023, a prioridade era concluir projetos no prazo (65%), melhorar a experiência do cliente (44%) e investir em industrialização (41%).

   O “Termômetro Falconi da Construção Civil” contou com a participação de 120 executivos do setor, sendo 35% CEOs, proprietários e diretores. O período das entrevistas foi de 2 de junho a 10 de julho.

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