Na quarta (29) de novembro, a cidade foi despertada com a triste noticia do falecimento de Cyro Archimedes Cassettari, aos 85 anos. O inesquecível cidadão que marcou época na cidade com a sua verve, vivacidade e demonstração de alegria que a todos cativava e contagiava desde as conversas na loja Esportes Cassettari, nas rodas da Rua Marechal Deodoro e nos locais onde frequentava. Sempre demonstrou a sua identidade de otimismo e consideração aos temas da cidade, com os familiares e uma grande legião de amigos. Os seus bons tempos foram bem vividos com muita alegria, cultivando a família, os amigos da cidade e da colônia italiana, e os dos familiares que emigraram da comune de Castiglione di Garfagnana, na Toscana.
Ainda progredindo com a sua vida comercial, o amor de criança pelo Palestra de São Bernardo, o jornalismo com as suas colunas e a sua grande afeição pelo futebol. Por sua tranquila e plena trajetória de conquistas e realizações cumpriu o seu tempo marcado entre nós pela obra divina. Nascido em São Paulo, filho de José Pino Cassettari e Lydia Legnaiolli Cassetari, estudou nas escolas tradicionais de São Bernardo, como a Ítalo Setti, Leonor Mendes de Barros e Cacique Tibiriçá. Seguiu na vida e encantando-se com a moça a quem entregou o seu coração, Maria Natália Luz Cassettari, se casou cuja união durou sessenta anos. O casal teve os filhos: Gláucia Cassettari, Júio Cesar Cassettari casado com Débora Iglesias, e Eduardo Cassettari, os netos Gustavo Oliveira Bezerra e Isabella Iglesias Cassettari. No ano de 1959, fundou a loja Esportes Cassettari, considerada a primeira empresa comercial do ramo esportivo em toda a região do ABC, ainda em pleno funcionamento na Rua Marechal Deodoro pelo tempo de sessenta e quatro anos.
Fica relembrada na sua vida o grande gosto pelo futebol, pois na infância morando muito perto do campo do Clube Palestra na Rua Marechal Deodoro, já praticava no grupo Meninos do Nandinho, na posição de goleiro devido à sua avantajada estatura. Vale relembrar os primeiros tempos do Palestra de São Bernardo, por obra da iniciativa pessoal do jovem Alfredo Sabatini, de família de comerciantes italianos da Toscana radicada na cidade e que atuava no Esporte Clube São Bernardo. Ressalte-se que o futebol nessa época de 1935, com o registro de acentuada depressão econômica era uma das poucas diversões da população envolvida assim com efetiva participação. Os antigos contam que, por desentendimento com o técnico do Esporte Clube São Bernardo que não convocou para certa partida fora da cidade, Alfredo, o jovem jogador ponta esquerda, se revoltou com a inexplicável recusa. Então, contando com amigos que entenderam a sua revolta, com ele fundaram o Palestra de São Bernardo, em 1º de setembro de 1935. Daí a marcante rivalidade perma-neceu nos tempos decorrente das disputas e com o grande desenvolvimento a fama cresceu fora da cidade até o Palestra se tornar muito conhecido nas atividades sociais e futebolísticas, com efetiva participação no calendário oficial.
Os amigos relembram que o jovenzinho goleiro desde sempre gostava de contar esse capitulo da origem do seu amado Palestra, demonstrando muita afeição e amor ao clube. Mas, retornando no tempo, nos idos de 1952, tudo corria bem quando o grupo se surpreendeu com a ocupação por desapropriação do campo destinada à construção da Praça Lauro Gomes.
Não acreditaram com o inesperado ato oficial, mas reconheceram a indiscutível e necessária providência de procura de outro local. Então, os palestrinos não esmoreceram, pois entusiasmados partiram para o grande desafio da batalha para o alcance de novo local para continuação do projeto esportivo. Desse modo, no ano de 1959, conseguiram um terreno desnivelado no Bairro Ferrazópolis, abarrancado, com imenso matagal, mas que não foi empecilho para o objetivo principal de construção do novo campo que foi inaugurado no dia 06 de outubro de 1962.
Com o tempo e muita dedicação alcançaram a construção de uma grande praça de esportes e claro além do campo de futebol, um ginásio poliesportivo e amplo espaço para demais atividades. Os adeptos do clube sempre fizeram questão de alardear que, com muito trabalho, união e dedicação os abnegados associados e membros das diretorias conseguiram de uma pirambeira a transformação com as obras para um espetacular clube social e esportivo. Da história o mais apaixonado palestrino gostava muito e sempre de contar, o que fez parte de sua vida relatar em detalhes todos esses acontecimentos, motivo da homenagem pelos grandes feitos que ora lhe prestamos por sua demonstração de muito carinho. Então, como se percebe a sua vida ficou marcada no Palestra de São Bernardo, pois lá seguiu como jogador, Diretor, Presidente e sempre por perto do Colosso Alviverde, como gostava de assim se referir ao clube. Além das atividades palestrinas esportivas, participou da vida cultural e teatral da cidade, pois em 21 de abril de 1962, constou como membro fundador do ora mais longevo grupo teatral brasileiro, o Regina Pacis, orgulho da cidade.
O pranteado Cyro gostava também de escrever, pois participou ativamente no Jornal A Vanguarda, com a coluna Ninguém Tasca, seguindo com o famoso Quarteirão do Sossego no semanário Folha do ABC. Oficializou com bastante alegria e considerando o cumprimento na carreira no jornalismo ao se diplomar nessa área na Faculdade Metodista de Jornalismo de São Bernardo. No ano de 2009, recebeu na Câmara Municipal de São Bernardo o Titulo de Cidadão Emérito, por trabalhos prestados em favor da coletividade e gestos e obras em favor da cidadania no seio da comunidade local.
No dia 1º de setembro de 2015, na Sessão Solene da Câmara Municipal de São Bernardo, comemorativa dos 75 anos de fundação do Palestra de São Bernardo, o signatário em nome da Brasilitália e representando a colônia italiana, prestou significativa homenagem a Cyro, ao considerá-lo o maior e mais dedicado associado que, percorreu todos os cargos da Diretoria, mas acima de tudo o seu mais fervoroso torcedor. Pelo que praticou na sua vida, tornou-se um renomado representante da família ítalo-brasileira, deixando muitas saudades
