Opinião

De pai para filho

Kim era um garoto de 16 anos. Ele só chegava tarde em casa, comia fora de hora, não falava com os pais e fumava escondido. Passava horas fora de casa dando mais razão para ‘amigos’ a que para os pais.
O pai tentava impor o melhor para seu filho, mas o adolescentes adorava sair para beber. Um dia, voltando de uma festa tarde da noite, o colega de Kim bateu o carro. Havia quatro pessoas no veículo. Todas saíram prejudicadas. Kim, em questão, perdeu o movimento das pernas. Quando recebeu alta do hospital, deixou a instituição numa cadeira de rodas. Seu pai não aguentava ver tamanho sofrimento.
Conversaram muito, se perdoaram e, depois de algum tempo o pai resolveu tomar uma decisão que seria difícil para todos: Abandonar a cadeira de rodas. Seu pai estava disposto a tudo para que os movimentos das pernas de Kim voltassem.
Numa tarde de domingo o pai foi até o quarto do filho, estendeu-lhe as mãos e puxou o garoto para que ele ficasse em pé, mas Kim não tinha forças nas pernas e, então, os braços de Kim foram apoiados sobre os ombros do pai. Ele então começou a arrastar o filho – essa foi uma maneira de fazer o filho andar, ainda que puxado pelo pai.
E, rebocado pelas costas do pai, os pés de Kim arrastavam-se ruas afora. Dessa maneira eles iam à padaria, escola, parque, estação de trem, mercado e até davam voltas no quarteirão para que os músculos das pernas se acostumassem a andar novamente. Era um verdadeiro aprendizado que remetia à tempos de outrora, vindo à lembrança dias em que Kim, enquanto bebê, ainda dava os primeiros passos e o pai se viu a ensinar o filho outra vez a caminhar, e fazia com prazer.
Os médicos não tinham previsão de quando Kim voltasse a andar, porém, com a ajuda do pai e a força de vontade de ambos, bem como a harmonia que sintonizava a relação, foi possível estar totalmente curado em dois meses.
Os tempos de outrora em que o garoto não se interessava pelos estudos e o celular era mais importante que os livros ficaram para trás. Hoje, a paz reina dentro desse lar e Kim até recusa convites de amigos a fim de ficar com a família.

“Não existe triunfo sem perdas, não há vitória sem sofrimento, não há liberdade sem sacrifício” – autor desconhecido.