Editorial

Dia da Consciência Negra

Na quinta (20) de novembro, foi celebrado o Dia Consciência Negra e o Dia Nacional do Zumbi. A data se tornou feriado nacional, ou seja, comemorada em todos os 26 estados, incluindo os 5.570 municípios brasileiros, e o Distrito Federal, pela primeira vez em 2024, através da Lei nº 14.759, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2023.
Antes disso, a data já era feriado em diversos estados e municípios. Em 2011, a Lei nº 12.519 oficializou o dia 20 de novembro como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, mas ainda não como feriado nacional. Antes da promulgação da Lei, a data já era feriado em seis estados e cerca de 1.200 municípios.
A população negra no Brasil, que inclui pretos e pardos, é majoritária, somando cerca de 56,1% da população, de acordo com dados do Censo 2022 do IBGE. Os pardos representam 45,3% e os pretos, 10,2%. Dados mais recentes do segundo trimestre de 2024 indicam que a população negra corresponde a 56,7% do total. A população parda superou a branca pela primeira vez desde 1872. No ABC, do total da população, ou seja, aproximadamente 2,7 milhões de habitantes, com base nos dados do Censo 2022 do IBGE, o número de negros já passou de 206.164 mil pessoas.
São Bernardo é a cidade com o maior número de negros do ABC, são 58.608 negros, sendo que a população parda equivale e 261.363 pessoas; Santo André figura no segundo lugar, com 48.132 negros e população parda total de 202.332 pessoas. Na sequência, aparece Diadema, com 42.413 negros e 169.554 pardos; Mauá, com 37.885 negros e 167.697 pardos; Ribeirão Pires, com 8.336 negros e 40.382 pardos. Já São Caetano possui 6.056 negros e 24.631 e Rio Grande da Serra, com 4.734 negros e 20.290 pardos.
Apesar de serem numerosos na população brasileira, os negros enfrentam diversos desafios no País, que incluem o racismo estrutural, que se manifesta em desigualdades no mercado de trabalho, na educação e na saúde, e a violência de Estado. O acesso limitado à educação de qualidade e o assédio são problemas persistentes, além da criminalização e violência policial, com a maioria das vítimas sendo pessoas negras e a desigualdade salarial e a menor progressão de carreira.
Mesmo com os avanços nas políticas públicas voltadas para a inclusão racial, a discriminação no ambiente de trabalho persiste, refletindo-se em salários desiguais. De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os negros recebem, em média, 55% do valor salarial dos brancos, mesmo possuindo o mesmo nível de escolaridade e qualificação. A situação das mulheres negras é ainda mais grave, com elas recebendo 43% a menos do que os homens brancos em cargos similares, um reflexo do acúmulo de preconceitos de raça e gênero.
Contudo, também há avanços nas políticas públicas para negros no Brasil, que incluem a criação e ampliação de cotas raciais em universidades e concursos públicos, programas sociais e do acesso à educação como instrumentos no enfrentamento ao racismo no País.
Ainda que haja um longo caminho a ser percorrido, especialmente no que diz respeito ao racismo de todos os dias, enfrentado pela população negra em diferentes frentes, o País tem avançado para diminuir a desigualdade entre os negros.

Adicione um comentário

Clique aqui para adicionar um comentário