Em abril, o dólar acumulava leve alta de 1,34% no dia 26, em relação a março. A moeda teve poucas oscilações ao longo do mês, sendo que a maior alta foi de 1,09%, no dia 19, quando o mercado estava em alerta após o governo concordar em adiar a votação da reforma da Previdência na Comissão Especial da Câmara dos Deputados para o início de maio.
A maior cotação no mês foi registrada em 26 de abril, R$ 3,173, após derrota do governo na Câmara dos Deputados com a aprovação de um socorro aos Estados endividados, e um resultado abaixo do esperado na aprovação da reforma trabalhista.
Por outro lado, sinais de melhora na economia, com a trajetória de queda da inflação anunciada pelo IBGE, contribuíram para frear a alta do dólar. De qualquer maneira, enquanto a da previdência não sair do papel, os investidores internacionais manterão a cautela em relação ao Brasil.
No cenário internacional, as promessas não cumpridas de Donald Trump favorecem a desvalorização do dólar em relação ao euro. Para o mês de maio, as eleições na França em segundo turno, no dia 7, e a votação do orçamento final do governo no congresso nos Estados Unidos são os destaques que podem influenciar a cotação do câmbio.
Cenário interno- Apesar de o dólar não ter registrado nenhuma alta diária superior a 1,1% ao longo do mês, quem acompanha o movimento do mercado mais de perto percebeu momentos de maior volatilidade dentro do dia. Eles refletem a tensão dos agentes de câmbio no mercado interno, que acompanham as expectativas em relação à aprovação da reforma trabalhista.
Um momento importante será a oficialização do texto da reforma da previdência que irá para votação. Ao longo de abril várias concessões foram feitas a grupos específicos, tirando eficácia da reforma. Os agentes de mercado estimam que atualmente o texto como está equivale a 70% da força do texto original.
Ao longo do mês, tivemos sinais de melhora da economia, como o aumento, na terceira semana de abril, da expectativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) para 2017, segundo o boletim Focus, do Banco Central. Já as projeções do mercado para o IPCA acumularam sete semanas consecutivas de queda.
Ainda, analistas ouvidos pelo jornal Valor Econômico avaliam que o resultado financeiro dos bancos deve começar a subir no trimestre, depois de quatro trimestres seguidos de quedas. O movimento é resultado de melhora na economia e também do fim de um ciclo de inadimplência, iniciado em 2015.
Cenário externo- No cenário global, o cancelamento da votação do sistema de saúde proposto pelo novo presidente americano expõe a fragilidade do governo Trump. A reversão das expectativas em relação ao governo americano atua como fator de fortalecimento do euro ante o dólar, e como consequência o Euro em relação ao real se valorizou em 0,03% e foi de R$3,32 para R$3,45.
Em 13 de maio, a tensão entre os Estados Unidos e a Coréia do Norte pesou para a alta do dólar ante outras moedas, inclusive o real, fechando no dia com valorização de 0,4%, cotado a R$ 3,14. Na data, os Estados Unidos lançaram sua maior bomba não-nuclear, conhecida como “a mãe de todas as bombas”, no leste do Afeganistão, contra militantes do Estado Islâmico. Na mesma semana, os Estados Unidos haviam destinado um porta-aviões para a península coreana.
Perspectivas para maio- Um fator a ser observado no movimento dólar/euro, que influencia a cotação nos demais mercados, é a eleição na França. O Euro poderá continuar um movimento de valorização relativo afetando também a cotação EUR/BRL.
Ao que indicam as pesquisas, o candidato de centro Emmanuel Macron deve vencer Marine Le Pen nas urnas em 7 de maio, dia da decisão em segundo turno. Se concretizado, o resultado tende a reforçar o euro, pois o mercado é mais favorável ao ex-banqueiro do que à candidata de extrema direita.
Nos Estados Unidos, um novo teste para o governo Trump será a aprovação da versão final do Orçamento no Congresso, o que deve acontecer em maio.
No Brasil, a reforma da Previdência continua como o grande foco. Atualmente está previsto para maio, porém é comum que atrasos na negociação ocorram, e isso já é motivo para o real perder valor. Outro ponto a ser observado serão as concessões adicionais que serão feitas para que a proposta passe em votação. O risco atualmente é de que o governo ceda a pressões generalizadas e acabe desconfigurando muito a proposta inicial. Esse é o principal risco para a cotação do real.