Opinião

Doutor Henrique

Henrique tinha cinco anos e seu gosto por futebol começava aflorar, aos seis, desenvolveu uma técnica muito interessante: roubava a bola dos meninos e mandava ver pro gol com um canhão de canhota.
Os pais não estavam nada contentes com o desempenho de Henrique na escola, já que ele era um dos últimos da sala, porém, tinha duas paixões: Futebol e jogos eletrônicos. Com oito anos ele dava olé e driblava todos na escola, logo, ganhava reputação entre os colegas e se tornou bem popular. No fim do ano ficou de recuperação. Por ordem dos pais, Henrique ficou sem jogar vídeo game e futebol por dois meses, em que só estudou. Nessa época ele começava a pegar gosto pelos estudos. Começou o ano bem na escola. Inscreveu-se no torneio de futebol interclasse e sagrou-se artilheiro. Ao mesmo tempo que tirava notas boas participava de campeonatos intermunicipais de futebol.
No terceiro colegial ele foi o orador da turma no dia da formatura. Participou ainda do torneio regional de video-game e ficou entre os finalistas e como gostava também de sentir a bola nos pés, foi fazer um teste no São Paulo Futebol Clube e foi aceito: Começou na base.
Foi paraninfo do colégio, elaborou o texto da retórica e com louvor, foi saudado. Passou entre os 10 no vestibular da universidade federal mais concorrida. Entrou para uma empresa de engenharia da computação, onde era suporte técnico. Pouco depois de fazer 18, viu-se diante de sua pior decisão. No mesmo mês que foi convocado para o profissional do São Paulo Futebol Clube, Henrique foi aprovado na Massachussets Institute Technologies. E agora? ser jogador de futebol ou estudar?
Com muito pesar no coração optou pelo MIT – melhor escola de tecnologia do mundo. Aos 23 anos, era aluno-monitor do Computer Science and Artificial Intelligence Laboratory. No ano seguinte foi escalado para ser assistente do conselho docente. Era querido por todos e, além de ser técnico do time de soccer, era o melhor jogador que a Universidade já tinha visto. Aos 30 iniciou seu doutorado em Engenharia da Programação, e começou a elaborar um projeto onde robôs pudessem jogar futebol. Deu certo! Às vezes, os robôs criados pela equipe do Doutor Henrique jogam bola no campo do MIT; além disso, foi condecorado pelo governo americano a ser o primeiro Doctor Philosophy (PhD) estrangeiro do MIT.
Ele trabalha bastante, mas não abre mão das horas vagas para jogar video game de futebol por aí.