Resiliência é a palavra de ordem para todas as cidades nesta era de grave crise climática. É preciso adaptar as cidades para o enfrentamento dos fenômenos extremos, já que a fase de mitigação deixou de ser suficiente, diante da magnitude dos fenômenos extremos.
Sem uma política séria e consistente de preservação do ambiente natural, haverá irrefreável destruição de ecossistemas. Isso vai reduzir ou mesmo exterminar serviços ambientais sem os quais não há a menor possibilidade de vida digna. Purificação da água, controle de enchentes, prevenção a inundações e alagamentos, atenuação da temperatura para evitar as assassinas ondas de calor, que matam silenciosa mas bastante eficazmente.
Paga-se caro por não seguir a natureza. De acordo com o WWF, a substituição de serviços ambientais por infraestrutura artificial custará de dez a vinte vezes mais. Está comprovado que para cada real investido em sustentabilidade, evitar-se-á um gasto de três a cinco reais em virtude dos desastres que não são naturais, senão consequência de nossa incúria. Também haverá custos para a saúde pública e para a infraestrutura urbana.
Se as cidades teimarem no desconhecimento dos males gerados pelo excesso de resíduo sólido e não tiverem a coleta seletiva como política pública efetiva, além do reaproveitamento do que é descartado, o custo do manejo de lixo será cinquenta por cento maior, devido ao investimento em soluções que não são as ideais, como os aterros sanitários ou o transporte para locais distantes, diante da inexistência de lugares adequados nas proximidades da área urbana.
Acrescente-se que cada tonelada de resíduo encaminhada a aterro sem adequado tratamento, onera o custo médio adicional a duzentos reais por tonelada, considerado o transporte, a operação e o impacto ambiental.
De igual forma, sem drenagem urbana sustentável e proteção de mananciais, os custos associados a enchentes serão muito maiores. E o pior: vidas estarão ameaçadas. Isso sem falar nos custos de reconstrução e reparo do patrimônio lesado por enchentes.
São apenas algumas observações para mostrar que é muito mais barato adaptar a cidade para o enfrentamento dos fenômenos extremos do que deixar que as coisas aconteçam como tem sido até hoje. Deu para convencer que resiliência é uma política humanitária que tem de ser encarada de frente e de forma resoluta?
Adicione um comentário